Localizada no interior do Estado do Rio
Grande do Norte, na microrregião homônima e mesorregião do Oeste Potiguar, a
393 quilômetros de Natal, Pau dos Ferros é um pequeno município de
aproximadamente 28 mil habitantes, e lá, entre esses 28 mil habitantes, vive a
família de meu grande e estimado amigo Pau de Ferro.
Quando o conheci, estranhei. Também,
com esse nome... Estava no “Nosso Bar”, nas imediações da Santa Teresinha. Tomava
uma cachaça quando ele chegou. Assumpção, o dono do bar, e por coincidência,
meu avô, o encarou: “Vem um bocadinho aqui, Pau de Ferro, vem; deixa eu lhe
apresentar meu neto”. Foi quando ele me explicou que o apelido era por causa de
sua cidade natal, e não por outras razões. A partir daí, nos tornamos grandes
amigos.
Pau de Ferro era pau pra toda obra. Se havia
alguém que não recusava um trabalho, esse alguém era Pau de Ferro. E fosse o
trabalho que fosse. Não era estudado, mas conseguira desenvolver certas
habilidades que escapam ao conhecimento do fino homem das cidades. Pequenos
serviços elétricos, hidráulicos, de construção. Fazia de tudo. E para serviço
pesado, Pau de Ferro não podia faltar. Era comum vê-lo em mutirões pela
vizinhança, subindo e descendo laje, com latas e latas de concreto nos ombros.
O pagamento? Uma refeição simples, laranja, suco. E cachaça. Muita cachaça.
Esse era o seu ponto fraco. Sou
daqueles que acredita que uma cachacinha só faz bem. Mas com moderação. Pau de
Ferro bebia pra valer. Nos finais de semana então era fácil encontrá-lo
cantando pelas ruelas, sem camisa, suando em bicas, bêbado que só vendo.
Pois nesta manhã recebi a triste
notícia da morte de meu querido amigo Pau de Ferro. Dizem as bocas do bairro
que ele enfartou. Que estava enchendo laje lá pras bandas do Marlene Miranda e
sentiu-se mal. Chamaram o resgate, mas ele já chegou morto ao hospital. Quanto
a outras informações, vigora ainda o desencontro. Ninguém sabe onde o corpo vai
ser velado, horário do enterro, se avisaram a família. Pelo que sei, por aqui,
não havia ninguém. A família era toda de lá, de Pau dos Ferros.
Como sou avesso a essas cerimônias
fúnebres, optei pela oração, poderosa oração. Aqui mesmo, meu amigo, direto do
meu computador. Receba esta oração em forma de crônica, descanse em paz, e nada
de bebidinha aí, hein?
P.S.: publicada originalmente no
cronicadodia.com.br