sábado, 22 de dezembro de 2012

Valeu!


2012 foi o ano de nascimento deste blog. Só por isso já valeu, mas muita coisa boa aconteceu e eu só posso dizer: muito obrigado! Obrigado a todos que acompanharam minhas crônicas e os demais posts. Obrigado aos seguidores  Ousana, Darci Siqueira,  Chiara,  Carol,  Silvio César,  Erito,   João Guarnieri e Marcos Menecucci (no canto direito aí). Obrigado ao João Guarnieri pela parceria, ao Marcos Geia pelo carinho. Obrigado a todos que inseriram esta página dentre os seus favoritos e que regularmente estão aqui. Obrigado aos amigos que de vez em quando aparecem, e aos amigos do face. Enfim, muito obrigado! Que 2013 seja um bom ano para todos! Valeu!
P.S.: se tudo der certo, lanço meu primeiro romance em 2013! Espero vocês lá!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Que tal estimular um segundo pensamento?


Eu às vezes visito supermercados. Realmente adoro supermercados porque posso ver muita coisa bonita. E assim, quando olho para todos aqueles artigos diferentes, surge em mim uma sensação de desejo, e meu impulso inicial poderia ser: “Ah, eu quero isso e mais aquilo”. Brota então um segundo pensamento e eu me pergunto: “Ora, será que eu preciso mesmo disso?”. Geralmente a resposta é não. 

Dalai Lama (A Arte de Felicidade, pg.29)
 

sábado, 15 de dezembro de 2012

Trechos de um concerto


Desce do céu um pó branco, flocos de neve que o surpreendem e o deixam branquinho da cabeça aos pés. Disfarça. Limpa os cabelos e o paletó. Põe na cara um sorriso amarelo, mas suficientemente apropriado para demonstrar que achou aquela ideia, não sabe quem a teve (não pode ter sido o próprio André!!!), bárbara, extraordinária, estupenda, transformar aquele pedacinho de Sampa nos próprios Alpes Suíços. No fundo, no fundo, está com vontade de mandar todo mundo à merda e ir embora.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Deus me livre de ser normal


Que título sugestivo, não? É mote até para uma crônica. “Nada de seguir o rebanho. Seja você. Viva sua essência. Doa a quem doer”. São tantas canções que me vem à cabeça... A Balada de um louco, Maluco Beleza... Mas não é nada disso. “Deus me livre de ser normal” é o espetáculo de dança que a Escola de Dança Dilma Gama vai apresentar neste final de semana, no Teatro Metrópole, em Taubaté (15 e 16/12/12). Olha, vale a pena!  Um espetáculo mesmo! Do mais alto nível! Sábado e domingo, às 17:00 horas (infantil), e às 20:00 horas (adulto). Ingressos no teatro, nos dias do espetáculo (se sobrar algum). Antecipado, na academia, no bairro do Belém, com a tia Sonia. E tá falado!

sábado, 8 de dezembro de 2012

Que calorão!


Se a civilização humana não fizer alguma coisa logo, vai dar um exemplo formidável de burrice total e absoluta. E depois somos nós os animais dotados de inteligência. Começo a duvidar... 

Que calor é esse, meu amigo? Onde nós vamos parar? Será que eu ainda vou estar vivo para ver as tragédias que cavamos? A explosão de cabeças e miolos, corpos e peles, arrastados por chuvas torrenciais que ano a ano despencam com violência nos pisos lisos e escuros que o homem constrói, ate entupir, sem grande esforço, nossas já congestionadas bocas de lobo?
Credo... Que verborragia catastrófica...
Mas, sinceramente, puxando pelo baú, não encontro tanto calor assim.
No verão, lembro que eu saía na rua e o asfalto queimava o pé. Eu tinha mania de andar descalço. Aliás, quem não tinha naquela época, hein? O pé, por conta disso, ganhava uma casca dura e protetora, um escudo, sólido, que nem caco de vidro, o inimigo número um dos pés descalços, chegava a assustar.
Está certo que do baú eu também tirei um rasgão no meio dos dedos, nem sabia o que era, mas eu saía descalço e do rasgo minava aquele líquido vermelho que até hoje, nesta era de modernidade artificial, assusta os mais sensíveis. Resultado: adeus à sensação de liberdade, o pisar na terra nua, na grama molhada, na poça barrenta. Meu pé ganhou um kichute (lembra do kichute?) e pele de moça.
Quando comecei a trabalhar, meu corpo foi vestido de calça comprida, sapato, meias e camisa de botão. Adeus, calção. Peitoral nu. Vadiagem. Andava uma meia hora pisando duro e desengonçado – demorei pra me adaptar aos sapatos. Chegava no trabalho suando, o ventiladorzinho morrendo de trabalhar. Mas não... não... O calor não era assim...
Casei em janeiro. Cismei que queria um produto pra passar no rosto e conter o suor. Já pensou, no altar, aquela cara cromada? Sem opções, meti um talco que não decepcionou. E mesmo em janeiro, mesmo sendo talvez o mês mais quente do ano, não senti tanto calor.
Talvez em um único lugar eu tenha sentido calor parecido: Ubatuba. No verão. Um calor abafado, insuportável, daqueles que a gente não quer deixar o chuveiro. Mas aí não conta. Ubatuba é Ubatuba. Quente mesmo, principalmente no verão.
Mas essa sensação de que as temperaturas estão subindo não é só minha: todo mundo tá percebendo. Inclusive a ciência.
Um grupo de cientistas que integram o projeto Berkeley Earth Surface, liderado pelo físico americano Richard Muller, da Universidade da Califórnia, concluiu recentemente que de fato a Terra está esquentando muito rápido: nos últimos 250 anos a temperatura aumentou 1,5 grau. Pode parecer, mas isso não é pouco. E a causa? Alguém adivinha? Os gases poluentes emitidos pela atividade humana.
O trabalho é idôneo. Inclusive Richard era um dos muitos cientistas céticos que tem por aí, que defendem que o aquecimento nada tem a ver com a participação humana. Muitos acham que o planeta está esquentando porque vivemos em uma era interglacial, de aquecimento mesmo.
Mas ele fez uma pesquisa séria, coletou dados de 39 mil estações de medições meteorológicas durante dois anos, e concluiu o que a sensibilidade de qualquer batuta já indicava: está cada vez mais quente. Eu sei, as pessoas na rua sabem, todo mundo sabe.
Se a civilização humana não fizer alguma coisa logo, vai dar um exemplo formidável de burrice total e absoluta. E depois somos nós os animais dotados de inteligência. Começo a duvidar...
Encontro uns conhecidos meus que me param na rua e se dizem preocupados com a chegada do verão. Sim, porque se na primavera estamos com esse calorão, imagina no verão!
Eu faço uma troça. Esquenta, não! – digo. Esquenta, não!  No verão refresca. E vá se acostumando! No outono esfria. No inverno esquenta. Na primavera ferve... Está tudo de cabeça pra baixo...

 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Que tal um bom livro, hein?


A solidão é um valor que precisa ser recuperado. As pessoas têm muito medo da solidão. Solidão é uma coisa boa. É preciso ficar um pouco sozinho. O ato da leitura de um livro é um ato solitário no meio de um mundo barulhento...
           Cristovão Tezza

Que tal um bom livro, hein? É uma ótima opção para presentear quem você gosta. Quer algumas sugestões?  O filho eterno, de Cristovão Tezza (foto abaixo). Excelente. Narra a história de um pai que tem um filho com síndrome de Down. Detalhe 1: o autor tem um filho com síndrome de Down, cujo nome é o mesmo do personagem do livro. Detalhe 2: o livro foi classificado como romance, muito embora tenha um viés autobiográfico.  Dois Irmãos, de Milton Hatoum. Maravilhoso. O autor explora temas como o drama familiar e a casa que se desfaz. Denso. Impactante. Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios, de Marçal Aquino.  Outra leitura ímpar, explosiva, trágica. São três dicas nada novas, mas extraídas do que se tem de melhor, do biscoito fino da literatura contemporânea nacional. E todos eles fazem o que a boa literatura deve fazer: inquietar. 
 

sábado, 1 de dezembro de 2012

Philip se aposentou


Meu amigo Philip se aposentou. Agora chega, ele disse. Terminei. Já trabalhei demais. Se E.M. Forster parou aos quarenta... Philip está com setenta e oito. Está cansado. Acha que chegou o momento de parar. Azar o nosso.
Desde que o conheci, alguns anos atrás, passei a admirá-lo, e muito mais do que um amigo, me tornei seu fã. Quando abri os jornais e dei de cara com a notícia, minha primeira reação foi pegar o telefone e dizer-lhe “puta que pariu, Philip! O que aconteceu, cara?!”, como se isso fosse algo improvável de ocorrer. Até Pelé parou, oras, por que o Philip não iria parar?
Sim, sim, estou falando do Pelé das letras, do escritor Philip Roth. Não, não, não é o que você está pensando. Ele nunca esteve em minha casa em Taubaté, bebendo um vinho, comendo um risoto. Eu nunca estive em sua casa em Connecticut, tomando um chá, batendo um papo. Nós nunca nos falamos ao telefone.
Mas posso dizer que somos amigos, muito embora ele não me conheça, nunca tenha me visto, nem saiba de minha insignificante existência. Mas eu o conheço, e o conheço bem. E esse conhecimento profundo que tenho de gente como Coleman Silk, Narthan Zuckerman e Bucki Cantor me autoriza, segundo as normas vigentes de meu precário entendimento das coisas, a considerá-lo meu amigo de verdade, e de longa data.
Você se deixar enlevar por um livro é umas das coisas mais significativas que existem nesse mundo. Eu sempre gostei de ter um bom livro nas mãos, de preferência um romance. Quando li o livro do Philip, eu delirei. Enfim, tinha encontrado um escritor que escrevia as coisas que eu tinha vontade de ler.
Tinha medo de passar a vida inteira sem dar de cara com um desses. Para mim, isso era muito importante. Encontrar um escultor das letras com quem me identificasse, olho no olho, cujas histórias me tocassem lá no fundo, cuja linguagem enchesse de alegria meus cansados olhos.
Seus tijolões me proporcionaram tudo isso em agradabilíssimos momentos, daqueles em que a gente não vê o tempo passar, que a gente se deixa levar, se entregando, mergulhando completamente; daqueles em que pessoas que têm suas existências definidas por limites exclusivamente ficcionais se tornam presentes em nossa vida cotidiana, pessoas íntimas, que ganham na nossa imaginação, pura existência real, como se fossem nossos amigos há tanto tempo.
A boa história pode proporcionar isso. Muito já se discutiu sobre o propósito da literatura, sua finalidade, sua razão de ser. Não quero invadir essa seara, que deixo muito amavelmente aos literatos, aos mestres da literatura, aos homens e mulheres das letras.
Mas usando de uma assertiva tão simples como um pé de milho, digo que a boa literatura faz bem ao homem, e que Philip me fez muito bem por muito tempo.
Ainda bem que tenho um manancial de suas histórias na minha estante. Ainda bem que posso, quando, como, onde e na hora que quiser, deitar numa rede macia, ou numa cama quentinha, servir-me de um bom tinto, e me deixar levar por uma boa história, ainda que seja a título de revisitação.
Quando leio o que você disse, Philip, que queria saber se escrever tinha sido uma perda de tempo, e concluiu que tinha sido sobretudo um êxito; que no fim da vida o boxeador Joe Louis disse que fez o melhor que pôde com aquilo que tinha e que seria exatamente isso que você diria de seu trabalho, eu lhe digo, meu amigo, que concordo, embora minha opinião e o mugido de uma vaca tenham o mesmo valor.
E sem querer ser impertinente, digo mais: fiquei triste por sua aposentadoria, mas feliz por um dia você ter tido a infeliz ideia de querer ser um escritor.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Valter Hugo Mãe leva o Portugal Telecom


Não deu para o Michel Laub com seu ótimo “Diário da Queda”. Quem levou o Portugal Telecom como melhor romance e Grande Prêmio Portugal Telecom 2012 foi Valter Hugo Mãe com o livro “A Máquina de Fazer Espanhóis" (ed. Cosac Naify; R$ 39; 256 págs.).
O romance narra a história de um barbeiro de 84 anos que, depois de perder a mulher, passa a viver num asilo e revê sua trajetória  (Folha, 27/11).
Na categoria conto venceu Dalton Trevisan pelo livro "O Anão e a Ninfeta" (ed. Record; R$ 34,90; 160 págs.)
Nuno Ramos venceu a categoria poesia com "Junco" (ed. Iluminuras; R$ 35; 120 págs.).
Estou louco pra comprar o livro do Dalton.
 





 
 

sábado, 24 de novembro de 2012

Trechos de um concerto


Ela chora do meu lado. Não o choro da tristeza, da desilusão, da perda, da tragédia. Não esses tipos, afinal, está no céu, e a lágrima que desce reflete o instante mágico que passaria despercebido se ela não fizesse um esforço de atenção, de compreender que aquilo tudo, aquele momento fugaz que vai acabar mais rápido que um piscar, é o que comumente chamamos de felicidade.

domingo, 18 de novembro de 2012

A distância nos dará a dimensão de Saramago

 
Que não deixem de ler José Saramago, porque, ao lê-lo, crescemos em sabedoria. Ele dizia que os livros carregam dentro deles uma pessoa, que é o autor. Acariciemos o autor acariciando seus livros. Somos seres de palavras, festejemos quem nos deu palavras tão belas agora que completa 90 anos."
Pilar del Río 

Saiu na Folha uma entrevista por e-mail de Pilar del Río, viúva do maravilhoso José Saramago. Em 16 de novembro, ele teria completado 90 anos de idade. Recomendo. A mesma língua afiada. Os mesmos ideais. A mesma visão de mundo.
Ele escrevia para desassossegar.
Lembro-me de uma entrevista de Saramago no Roda Viva. Ele dizia “Deus foi transformado em pai autoritário, juiz, fiscal, carrasco. E o próprio Deus, se é que existe, não tem culpa disso, mas a culpa é daqueles que falam em seu nome. Deus se transformou num instrumento de poder sobre os outros”.
Desassossego puro. De pirar.
“A distância nos dará a dimensão de Saramago: agora, nós o temos tão próximo, era uma pessoa tão simples, que, às vezes, tem-se a tentação de pensar que esse homem era mais um”, disse Pilar.
 
 
 



 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Balada Literária em Sampa


Marcelino Freire organiza o evento. Ele que escreveu “Contos Negreiros”, este livro maravilhoso que não sai de minha cabeceira. Ele que tem o blog “Ossos do Ofídio”, que acompanho com muito gosto. Ele que é um cara nota 1000, que fala o que pensa, que vive sua essência como poucos. 

Mais um ano de Balada Literária. Este é o sétimo. E a cada ano é uma festa diferente. Não estranhe, por exemplo, se não encontrar, abaixo, nenhuma foto de escritores. É que o homenageado deste ano é o paulista Raduan Nassar. Ele que abandonou a literatura depois de escrever dois clássicos brasileiros, Lavoura Arcaica e Um Copo de Cólera. Logo, o que vale é a obra. E são as obras que darão a cara - e o tom - da Balada Literária 2012. Obras cruciais que, muitas vezes, levaram os seus autores à censura, à perseguição. Discutiremos o que é ser poeta na época de hoje. Falaremos de mídia, linguagens radicais, novos suportes para a literatura. Celebraremos o teatro, a TV, o cinema. Tudo discutido de forma descontraída - e pulsante. A literatura sem frescura. Como tem de ser. Veja a programação abaixo. E apareça. Assim, "sem aparecer". Esperamos por você.
                                                                                         MARCELINO FREIRE
                                                                                                Criador e Curador

A programação completa está aqui http://baladaliteraria.zip.net/.

O Marcelino é esse aí embaixo.

Uma festa! E para todos os gostos!






 

sábado, 10 de novembro de 2012

O cemitério


Minha mulher para o carro, me deseja bom dia, me dá um beijo e vai. Fico na marginal da Dutra. Atravesso a rua e me instalo num ponto de ônibus defronte à rodovia.  O concreto gela minha bunda, mas não me incomodo. Tá calor. Pego a agenda, dou uma olhada, espero minha carona: o Eduardo.
À minha frente, o cemitério municipal. Pomposo. Cinzento. Gozado isso. Todo cemitério que conheço é colorido. Túmulos de múltiplas cores. Um mosaico. Em Taubaté, não. Em Taubaté, o cemitério é cinza.
Árvores frondosas e árvores secas. Algumas pessoas caminhando por entre os túmulos. Um cachorro. Fecho a agenda. A imagem é mais interessante.
Não consigo deixar de notar, à primeira vista, e com certo escárnio, confesso, o texto esculpido no verdejante barranco ao lado da rodovia, ao pé do cemitério (a imagem sobreposta dá a sensação de uma coisa só), ressaltando o fato de Taubaté ser a capital nacional da literatura infantil, obviamente por ser a cidade de nascimento de Monteiro Lobato. Um texto colocado ao pé do cemitério. Eta, falta de imaginação desses politiqueiros!
Lobato não está enterrado lá. Até poderia, mas não está. Algum desavisado pode fazer a associação. Não. Não tem nada a ver. Mas outras associações até caberiam, não? A cidade morta lá em cima (o cemitério), o Cidades Mortas, livro do Lobato, e, como não pensar também, a cidade morta aqui embaixo, que a cada dia morre um pouco mais pelas mãos de políticos desonestos e incompetentes. Pronto! Associação feita! A morte como elo. Bingo!
E é carro que vem. Carro que vai. Parece um jogo de tênis. A bolinha pra lá. A bolinha pra cá.
Lembro-me que, quando criança, eu gostava de ficar espiando pelos vãos das sepulturas, nas visitas que fazia acompanhado de minha avó, ao túmulo de meus bisavós. Um costume, digamos, lúgubre. Lembro que era um pouco escuro lá dentro; eu, na minha santa ingenuidade, tentava ver se tinha movimento, qualquer movimento, alguma coisa do outro mundo, uma alma penada.
Fico pensando qual seria a minha reação se alguém saísse lá de dentro no exato momento em que eu espiava. Não alma penada da minha fantasia, isso não existe. O coveiro, por exemplo. De repente ele podia estar dentro de um, ajeitando as coisas a mando da família, separando o saco de ossos, abrindo lugar pra mais um infeliz. Eu mijaria nas calças, ah, mijaria!
E como esquecer a piadinha contada aos quatro ventos pelo Monsenhor Antunes, grande amigo? Na mesa cheia de comida, ele desfiava o repertório. E depois de tantas piadas e cervejas, ele vinha com essa: “O avião caiu. Foram encontrados dez mil corpos.” Hã? Como? “Ele caiu sobre um cemitério,  he-he-he!”
Penso na calmaria que deve estar lá. Aqui é carro que vem, carro que vai. Barulho de motor. Fumaça saindo pelos escapamentos. Ventania. Um senhorzinho vendendo passe. O pai e o filho preocupados querendo saber se o ônibus pra São José dos Campos já passou. O policial rodoviário federal esperando a viatura, com uma arma de cabo amarelo de um lado, uma de cabo preto do outro, falando ao celular, falando não, gritando! (o barulho dos carros não o deixa ouvir a própria voz, então ele grita, grita sem parar). Carros brigando para ver quem entra primeiro na rodovia. O estardalhaço normal de começo de dia.
Mas lá não. Lá deve estar um marasmo só. Deve dar para ouvir os passarinhos, a folha da árvore caída no chão sendo arrastada pelo vento, um bate papo que vem de longe, sentir cheiro de flor.
Pensando bem... Prefiro este estardalhaço mesmo. Apesar de tudo, aqui é bem melhor. Tem dias até que dá pra deitar o corpo numa redinha instalada de frente para o mar, ao som das ondas, bebendo água de coco, comendo camarão.
E é carro que vem, carro que vai.
Na minha frente o cinzento cemitério. A imagem é insistente. Abro novamente a agenda, mas não consigo desligar. Em seus domínios adormecem os restos mortais de boa parte de minha gente. Homens e mulheres sadios, e gordos, e famintos, e risonhos. Gente que bebia, que comia, que falava, que transava, que brigava, que se emocionava, que rezava, que vivia. Nem quero saber o que sobrou deles.
Meu pai está lá. Não. Não está. Meu pai está aqui. Comigo. Sempre esteve. Desde quando sua luz apagou. Lá está o que sobrou do seu corpo. Matéria. Casca. Meu pai era muito mais que um corpo, que matéria, que casca. Meu pai era a gema do ovo.
Às vezes me pergunto como vou encarar a morte. Espero que com serenidade. É um fechar de olhos. Pronto. Acabou. Não dá pra ficar pensando no resto, como as coisas vão ficar, se os filhos estão encaminhados, se a mulher vai arrumar outro. E os meus projetos? Vou ter de interromper todos? Etc., etc. Vou ter de interromper... Vão te interromper! Não é você que aperta o botão da luz !
A morte é pior para quem fica. Que sofre a ausência, a saudade. Pra quem vai é um sono. O que você sente quando dorme? Pois é! Nada! É a morte! Um sono. Um sono sem sonhos (alguém já disse isso).
Minha carona chega. O Eduardo ao volante. A Tereza ao lado.
Bom dia! Olho para trás e ele está lá. Cinzento. Frio. E me encara novamente. Trocamos olhares. Seu olhar é muito parecido com o olhar de quem tá dando mole. Confesso que nunca fui de desprezar uma flertada. Mas... Neste caso... Sinto muito. Sou um homem comprometido. E fiel.
Acelera este carro, Edu!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A importância de relacionar-se


“(...) não faz muita diferença se estou falando com um velho amigo ou um novo porque sempre acredito que somos iguais: somos todos seres humanos. (...) Onde quer que eu conheça pessoas, sempre tenho a sensação de estar me encontrando com outro ser humano, exatamente igual a mim. Creio ser muito mais fácil a comunicação com os outros nesse nível. Se conseguirmos deixar de lado as diferenças, creio que poderemos nos comunicar, trocar ideias e compartilhar experiências com facilidade”. 
                                                                                                Dalai Lama
 
Quebrar barreiras. Dar ênfase à igualdade e não às diferenças. A partir do momento que eu me condiciono a enxergar todas as pessoas como iguais a mim, eu quebro barreiras, e me torno mais transparente a elas. Eu ganho em comunicação, confiança, eu consigo compartilhar experiências sem hesitação.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Democracia de araque


Sou do tempo em que um time ganhava em campo o campeonato; sou do tempo em que o povo elegia o prefeito e não o MP, juízes, Tribunais etc... 

Deu na televisão esses dias: em Guaratinguetá, o candidato a prefeito Francisco Carlos ganhou, mas não levou. Ele concorreu às eleições, foi eleito, mas teve o registro da candidatura indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) no dia 22/10. Anota aí: a eleição foi em 07/10.
Procurando pelos jornais, tentei entender melhor esse quebra-cabeça. O pedido de impugnação à candidatura de Francisco Carlos foi feito por coligações adversárias, que alegaram que ele tinha sido condenado por improbidade administrativa em primeira instância e teve contas do primeiro mandato rejeitadas pelo Tribunal de Contas.
A Justiça Eleitoral de Guaratinguetá negou o pedido e ele pôde concorrer ao pleito no último dia 7. As coligações recorreram ao TRE, que indeferiu o registro da candidatura do tucano 15 dias após a realização da votação.
Descobri também que esse tal primeiro mandato se deu em 1996.
Pera aí. Tá errado! Não dá pra conceber uma coisa dessas e a gente achar que isso é normal! Isso é um baita ABSURDO!!!!
Sem entrar no mérito da questão da inocência ou culpabilidade do prefeito, não que isso não seja importante (é, e muito!), mas o fato é que não dá para a Justiça Eleitoral tomar uma decisão dessas depois que passou a eleição, depois que ela permitiu que os eleitores votassem no candidato Francisco Carlos!
Isso é mais um soco na cara da democracia! Depois escuto que os votos recebidos pelo senhor Francisco Carlos serão tidos por nulos ou anuláveis. Então quem votou legitimamente no Francisco Carlos vai ter seu voto considerado nulo? Mas onde está o direito ao voto? Como nulo? Ele não era candidato? Não fez campanha?  Não foi eleito? Eu, se fosse um eleitor do Francisco Carlos, tentaria encontrar um agasalho jurídico e acionaria o Estado, a fim de garantir o meu legítimo direito de voto!
Sem contar outro problema. Abre-se uma nesga perigosa para o jogo político. Quem não tem chance de vencer regularmente uma eleição, vai buscar a vitória no tapetão. É muito mais interessante. E nesse caso é muito melhor que a impugnação ocorra após o pleito. Aí não tem erro. Se fosse antes, haveria um fracionamento dos votos entre todos os candidatos. Depois, não. O segundo leva, como aconteceu em Guaratinguetá. Em Osasco aconteceu algo parecido. Em Caçapava, impugnaram a candidatura do vencedor e a proclamação está aguardando decisão judicial.
Sou do tempo em que um time ganhava em campo o campeonato; sou do tempo em que o povo elegia o prefeito e não o MP, juízes, Tribunais etc...
Pelo bem da democracia, pelo bem da legitimidade, pelo bem do que é correto e regular, a Justiça Eleitoral tem que dar um jeito de proferir decisão desse naipe antes do pleito. Depois, meu amigo, Inês é morta! Senão, vocês estarão enganando o povo!
Isso não é democracia! Isso é uma farsa! Não adianta a Justiça Eleitoral ficar fazendo propaganda na televisão conclamando o povo a votar, a participar da festa democrática que é uma eleição. Pra depois ver acontecer essas barbaridades?
Uma democracia de meia-tigela, diria minha saudosa avó, essa nossa! Metigela, eu concordaria, lembrando a expressão que saía da boca de um menino de 4 anos.
 

PS. Um quebra-cabeça mesmo. Depois que eu já tinha escrito o que você leu acima, fiquei sabendo que o TRE voltou atrás, e Francisco Carlos vai assumir em Guará. Menos mal.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Jabuti (02)


                    " Esse prêmio devia me proporcionar apenas alegria, mas me causou um desconforto muito grande. Em muitos momentos, um desconforto maior que a alegria".
                                                                                                                                            Oscar Nakasato

Saiu na Folha de 27/10: “Oscar Nakasato estava em um supermercado de Apucarana, interior do Paraná, quando recebeu uma ligação informando que era o vencedor do prêmio Jabuti na categoria romance. (...) Quando chegou em casa, outras ligações, de jornalistas e amigos, já avisavam que estava envolvido em uma grande controvérsia”. Na verdade, Oscar nada teve a ver com a traquinagem. É um escritor, como tantos outros, honesto, correto, que batalhou dignamente pela publicação de seu livro (ele disse que foi recusado por todas as principais editoras do país e que demorou 4 anos para conseguir publicar "Nihonjin”).

PS. A Folha revelou que o autor da traquinagem, o tal jurado “C”, chama-se Rodrigo Gurgel, que é crítico e editor.



sábado, 27 de outubro de 2012

Trechos de um concerto


Os pés não mexem. As pernas também não. Nem os braços. As mãos. A cabeça. Ele está deitado em sua cadeira adaptada. Mal consegue enxergar o palco. Aliás, sejamos honestos: ele não consegue enxergar o palco. Mas não faz mal. Ele ouve. A música penetra em seus ouvidos e o acalma, o anima, o faz transbordar, transmudar para um outro lugar onde a vida é mais sublime.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Jabuti


E o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro deu o que falar na última semana. Como se não bastasse a polêmica ocorrida em 2010, quando Chico Buarque ficou em segundo lugar como melhor romance (ganhou o livro do Edney Silvestre), mas inexplicavelmente ganhou como livro do ano, agora uma outra confusão.
Oscar Nakasato, com seu livro Nihonjin (Benvirá), recebeu o prêmio de melhor romance. Oscar é um novato, mas até aí tudo bem, se o livro é bom, não importa que seja novato. O problema ocorreu nas notas dadas pelos jurados, ou, melhor dizendo, nas notas atribuídas por um certo jurado “C”, que beneficiou autores estreantes em detrimento dos consagrados.
Deu, por exemplo, nota zero para o romance “Infâmia”, de Ana Maria Machado, que recebeu dos outros dois jurados as notas dez e nove e meio. O critério acabou causando um desequilíbrio abissal entre as obras já que para o livro do Nakasato ele deu dez.

Muito embora exista quem defenda ter havido manipulação de resultado, para o curador da premiação José Luiz Goldfarb isso não aconteceu, porque as notas dos concorrentes ao prêmio foram entregues em envelopes lacrados ao Conselho Curador, um não sabia da nota dada pelo outro.
Tá. O cara dá dez para um livro, e uma chuva de zeros e um e meio para os outros, e isso não é manipulação? Não é má-fé? Não é ter intenção de beneficiar uma determinada obra?
A pergunta que fica é quem será esta sumidade literária hoje apenas identificada como jurado “C”.

sábado, 20 de outubro de 2012

Eu voto para prefeito no...


O que eu queria mesmo era dormir. Arrumei a cama, estiquei o edredom, deixei cair o esqueleto para um descanso mais que merecido. Antes do apagar das luzes, porém, resolvi dar uma zapeada. Foi o meu erro.
A Band exibia o debate entre Ortiz Junior e Isaac do Carmo, candidatos a prefeito de Taubaté. Não queria assistir. Queria dormir mesmo, mas o tom acalorado do debate acabou me enfeitiçando, e eu fiquei.
Meus caros amigos, política é uma coisa que eu tento evitar aqui no blog. O blog é de literatura, tem a proposta de tratar de temas literários, e também de divulgar a minha produção literária. Mas não dá. Faltando uma semana para a eleição, vendo tudo que vi, não dá pra segurar.
Vamos lá então.
Voto no Junior. Já votei nele há quatro anos, já votei nele no primeiro turno, o conheço desde os tempos em que trabalhei na prefeitura. É um cara bom, culto, inteligente, preparadíssimo. Mas não conhecia o Isaac. Estava aberta a oportunidade, portanto, para conhecê-lo. Quem sabe não estaria nascendo aí um novo bom político pra nossa cidade?
Nada disso. A diferença entre os dois candidatos é brutal. Enquanto Junior discute todos os temas com segurança, equilíbrio e conhecimento, o Isaac boia na superfície, não aprofunda nada. E, sinceramente? Se mergulhar afoga. O debate deixou bem claro isso.
Não é possível um candidato sustentar uma candidatura à prefeitura de uma cidade do porte de Taubaté apenas dizendo que “eu vou fazer”, “que o governo federal vai fazer”, “que o PT faz”, etc., sem dizer como vai fazer, quando vai fazer, quanto vai custar. Eu quero saber mais!  Todo mundo quer saber mais!
Isso pra mim é de um populismo barato. É dizer o que as pessoas querem ouvir, promessas, promessas, mas sem conteúdo, e, sinceramente, já estamos cansados de promessas. Eu esperava um candidato mais preparado, minimamente preparado.
Nada contra o PT, mensalão à parte. Acho Carlinhos de Almeida um ótimo político. Acho Vera Saba estupenda. Agora quando escuto a propaganda que o Isaac já fez muito por Taubaté e isso e aquilo, minha vontade é rir...
Metade do debate ele passou fazendo ataques pessoais a Junior. A outra metade ele passou boiando na superfície. Meu Deus, eleger mais um candidato despreparado para governar nossa cidadela?
Sinceramente não dá, com todo o respeito a você Isaac que venceu candidatos muito melhores graças à aparição de um ex-presidente populista, não dá. Nesta eleição, não. Aliás, Junior já tinha de ter vencido na última, em 2008. Mas o povo é soberano, e preferiu ouvir o mesmo ex-presidente que agora vem defender você. E deu no que deu.
 
P.S. Se você não concorda, fique à vontade. Este é um espaço democrático. Fale, grite, esperneie, meta o pau. Graças a Deus, vivemos uma democracia tupiniquim!
 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Dicas do blog - Donna Pinha


Que sábado molhado esse último, não? Ficar em casa seria uma ótima pedida. Acompanhado de um romance, uma taça de vinho... Mas contrariando essa lógica peguei meu carro e fui almoçar em Santo Antônio. No Donna Pinha. Já estiveram lá? Não? Recomendo. Lá tudo funciona. Os pratos são preparados com enorme delicadeza. Os ingredientes são de primeiríssima qualidade. O atendimento é excelente. Soma-se a isso tudo um cardápio variado e sofisticado, e um bom piano. Valeu a pena vencer a estrada molhada e branca pra curtir um pouquinho do frio da montanha. Para os amantes da boa mesa, está aí a dica. É logo na entrada de Santo Antônio, à esquerda de quem vai. E até 30/10 você encontra o VIII Festival da Alcachofra, com combinações fantásticas criadas pela chef Anouk Rosa. Imperdível!
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 





sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Na rua Professor Moreira...


Um domingo ensolarado e quente. Depois de minha caminhada matinal, depois de tomar um café caprichado na padaria, depois de vencer o supermercado, fui cumprir o meu dever cívico de sempre, e votar no prefeito e no vereador que escolhi para me representar nos próximos quatro anos.
Não está fácil escolher. Aliás, a cada ano que passa fica mais difícil. Vereador, nem se fale. O critério que escolhi este ano foi votar numa pessoa que conheço, que sei que é digna, que é comprometida com valores humanos essenciais, tem boa formação, que é integra, e que é uma pessoa amiga. Com base nesses critérios o escolhi, e acredito que ele possa bem me representar na Câmara.
E lhe avisei que estava votando nele. Desde a última eleição municipal que adoto esta postura. Alguns dias antes, aviso ao meu candidato que estou votando nele. Se ganhar, ótimo. É o meu representante. E lhe cobrarei atitudes dignas e sérias no legislativo.
Porque pesquisar a vida do candidato, ouvir suas propostas, sua ideologia, sinceramente? Pra mim é tudo balela. O cara ganha, experimenta o gostinho do poder, e muda da água pro vinho. Exemplo clássico é o Lula. A vida inteira defendeu algumas bandeiras, e foi contra em outras tantas. Quem votou nele por ideologia deve ter se decepcionado. O cara mudou completamente o discurso depois que se tornou presidente.
Mas meu domingo foi muito especial. Não por causa da eleição. Não diretamente, eu quero dizer. Voto no Municipal. Deixei meu carro estacionado na rua Professor Moreira. Segui a pé até a escola.
A rua Professor Moreira é uma rua comprida que começa ali próximo ao Municipal e termina lá embaixo, quase chegando à Praça da CTI.
Minha avó morou lá, na casa de número 545. Ao descer do carro, confesso que fiquei emocionado ao lembrar minha história naquela rua. Quanta coisa vivi por lá! Quantas pessoas amigas! Quantas peripécias!
De cara encontrei a Ousana. Continua morando na frente da casa que foi da minha vó. Foi minha chefe por anos na Prefeitura. Uma pessoa amável, admirável e supercompetente. Nos abraçamos e senti naquele momento que o dia prometia. Que alegria...
Tinha muitas crianças naquela rua. Eu saía lá da Desembargador pra brincar na casa da minha avó. O Bola, o Dito, o Helinho, o Carlão, o Maurício, o Odevanir, o João Alberto, o Gustavo, o Paulo Castilho, o Fernando, o Adriano, o Grô, o Geovane. Tanta gente. Brincávamos de bolinha de gude, esconde-esconde, polícia e ladrão, bafo, empinar pipa. A rua era nossa.
Jogávamos bola na lagoa – ou no campinho ou no campão, hoje ambos tomados de casas. Quantas vezes, de noite, eu peguei o meu violão e fiquei tocando na frente da casa da minha avó...
Dona Lourença. Ou Lourenza. Ou Laurença. A minha avó era avó de todos, não importa o nome. Com seu cabelinho branco escasso ela ficava encostada no muro vendo os alunos indo pra escola, voltando da escola, a criançada da rua.
Quem não está mais lá é o Valdir. Nem sua casa. No espaço hoje tem um prédio. Lembro de um domingo que a criançada toda se agitou com o jogo maneiro que passava na televisão dele. Nós fomos lá jogar futebol ou tênis. Podia escolher. Telejogo. Nem existe mais. Se perguntar para os jovens de hoje, nem saberão o que é. Naquela época era a última geração no segmento de jogos eletrônicos. 
Uma vez pisei em cacos de vidro e meu pé se encheu deles. Nada de deixarem botar uma agulha sequer nele. O pé é meu, com ele faço o que quero. Andei mancando por vários dias, só colocando o calcanhar no chão. Eis que aparece o Chaveco atiçando a criançada. Todo domingo ele distribuía doces e chocolates por lá. Mesmo mancando eu fui receber a minha parte. Depois, minha tia me pegou de jeito.
As lembranças são tantas que poderia ficar escrevendo o dia inteiro. E você com certeza já teria desistido e me mandado passear.
Depois de votar, fiquei lá uns dez minutos numa sombra aprazível com minha mulher. Vendo as casas, conferindo as mudanças, procurando encontrar alguém conhecido. Não encontrei ninguém. Tudo bem. Por tudo que estava sentindo, meu domingo de eleição já tinha sido pintado com outras cores. E ficou mais bonito.

 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A serenidade do Dalai


                                                 “bebericava calmamente seu chá, em perfeita serenidade”

O Dalai-Lama estava prestes a falar para mais de 6.000 jovens num estádio na Arizona State University, e aguardava calmamente a hora de começar, bebericando seu chá.
Mas não foi só essa serenidade eloquente que me atraiu. O bom humor (como nos falta, meu Deus!!!), a capacidade de criar empatia, a confiança, a benevolência, a visão positiva diante da vida, a felicidade.
Que a partir de hoje nasça uma grande amizade entre nós!


 

sábado, 6 de outubro de 2012

Michel Laub é finalista do Prêmio Portugal Telecom


Tá aí uma boa dica. “Diário da Queda” de Michel Laub é um ótimo livro. Li esses dias. Gostei. Um garoto de 13 anos cai e se machuca bem na sua festa de aniversário, depois dos parabéns, em uma brincadeira dos colegas. A queda do título do livro evoca este fato cujas consequências, por não ter sido um simples acidente banal, se projetam em diversos fatos da vida do narrador.
Tem ainda as trajetórias de seu pai, com quem o protagonista tem uma relação difícil e o avô, sobrevivente de Auschwitz. Uma prosa bem interessante e de fácil leitura. Quem curte literatura brasileira contemporânea não pode deixar de ler. 
Os finalistas do Prêmio Portugal Telecom são: Michel Laub ("Diário da Queda"; editora Companhia das Letras), o português Valter Hugo Mãe ("A Máquina de Fazer Espanhóis"; editora Cosac Naify), Julián Fuks ("Procura do Romance"; editora Record) e Bernardo Kucinski ("K"; editora Expressão Popular), esses na categoria romance.
Sérgio Sant'Anna ("O Livro de Praga"; editora Companhia das Letras), Dalton Trevisan ("O Anão e a Ninfeta", editora Record)), João Anzanello Carrascoza ("Amores Mínimos", editora Record) e Evando Nascimento ("Cantos do Mundo" editora Record), na categoria contos/crônicas.
Gastão Cruz ("Escarpas"; editora Móbile Editorial"), Nuno Ramos ("Junco"; editora Iluminuras), Zulmira Ribeiro Tavares ("Vesúvio", editora Companhia das Letras) e Ana Martins Marques ("Da Arte das Armadilhas", editora Companhia das Letras), esses na categoria poesia.
O resultado sai em novembro.
 

 
 
 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Propaganda Eleitoral Gratuita


Nojenta a propaganda dos candidatos a prefeito de Taubaté na televisão. Será que toda eleição é a mesma coisa? O candidato que está na frente apresenta seu plano de governo. Os que estão atrás dividem o tempo entre plano de governo e ataques pessoais ao candidato que está na frente. Será que é muito difícil pra eles apenas apresentarem o que pretendem na prefeitura sem atacar quem quer que seja?
Estive no feirão de carros no último domingo e soltaram um panfleto lá dizendo que o Junior Ortiz tinha visitado terreiro de macumba e que os religiosos estavam loucos da vida com ele. Eu me pergunto: e daí? Ainda que fosse verdade (não sei se é), o que isso ter a ver com a capacidade de governar de um candidato? Sem contar que qualquer terreiro aos olhos maldosos é terreiro de macumba. O que isso significa num contexto eleitoral a não ser arrancar do candidato votos dos religiosos? É muita sujeira.
A eleição tá chegando. Infelizmente o nível da propaganda continuará tão baixo quanto está. Acho que vai piorar. Eu me pergunto qual o sentido de tudo isso. Esse acesso gratuito aos meios de comunicação para os partidos produzirem essa coisa chata e baixa que se vê por aí?
Sem contar que eles têm solução para todos os problemas da cidade. Num passe de mágica. Vote em mim e seus problemas acabaram! Ele vai fazer, ele sabe como fazer, ele vai resolver...
E o que o Lula veio fazer aqui? No meio do julgamento do mensalão (segundo o advogado do ex-deputado Roberto Jefferson, Luiz Corrêa Barbosa, Lula teria de ser um “pateta” ou um “deficiente” para não saber da existência do mensalão) ele tem a cara de pau de vir aqui pedir votos para um candidato? Todo mundo lembra quem ele apoiou na última eleição? Será que ele se esqueceu? Depois dos últimos quatro anos, ele teria de ter vergonha de aparecer por aqui.

Comunicado

O autor informa que suas crônicas estão sendo publicadas com exclusividade na página Crônica do Dia ( www.cronicadodia.com.br ). Convida...