sábado, 26 de maio de 2012

Dicas do blog


Neste final de semana acontece em São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos, o V Festival da Mantiqueira “Diálogos com a Literatura”, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura em parceria com a Prefeitura Municipal de São José dos Campos e Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Passarão por lá, dentre outros, Maitê Proença, Carola Saavedra, João Paulo Cuenca, Paulo Scott, Liniane Brum, Ronaldo Wrobel, Marcos Augusto Gonçalves, Vinícius Campos, Ana Miranda, Ricardo Azevedo, José Castello, Rubens Figueiredo, Marcelo Ferroni, além de escritores da região. Quem também vai passar por lá falando e cantando é Zeca Baleiro e sua banda. A programação está interessantíssima e há muita coisa pra se fazer lá. O objetivo do festival é aproximar escritores e leitores, e proporcionar o prazer da leitura. Durante o evento são realizados debates, shows, sessões de autógrafos com personalidades de renome nacional e internacional, bem como atividades para crianças. Olha aí um passeio agradabilíssimo para este domingo.







Flip 2012


E a Flip 2012 vem aí. Este ano homenageando Drummond. Quero estar lá. Nos outros anos refuguei. Igual aquele cavalo vistoso que na hora de saltar o obstáculo derruba o cavaleiro. Mas agora não tem isso. Minha mandala está lá em casa lembrando-me todos os dias: Flip! Flip! Flip! Segundo a imprensa os destaques são Jonathan Franzen e Jennifer Egan, dentre outros.  Segundo o blog do Sérgio Rodrigues, que acompanho com muito gosto, o romance A visit from the goon squad (A visita cruel do tempo), de Jennifer derrotou Freedom (Liberdade), de Jonathan, na final do Tournament of Books, pelo placar de 9 a 8, competição que serviu de inspiração para a nossa Copa de Literatura Brasileira que já premiou Cristovão Tezza e Carola Saavedra, dentre outros. Isso pode ser um indicativo que tanto um livro como o outro são bons. Se bem que a avaliação de uma narrativa ficcional é sempre subjetiva. Um livro agrada absurdamente um resenhista e depois, este mesmo livro é citado como fraco, que não funciona, por outro. A Visita Cruel do Tempo foi muito bem recebido pela crítica, ganhou o Pulitzer de 2011, é recomendado por muitos como o livro ideal para quem está vivenciando o fechamento de um ciclo. Falam em pluralidade de vozes, um recurso que honestamente, não me agrada. Mas também não viro as costas. As histórias podem ser iguais, repetitivas, mas o processo narrativo é sempre instigante. O tempo parece ser seu personagem principal. O passar do tempo, tão cruel para alguns, tão bem recebido por outros.  E dizem que o livro não tem protagonistas. Acho que tem sim: o tempo. Mas não li o livro. Isso são divagações alimentadas pelas resenhas que chegaram aos meus olhos. Não se acanhe em jogá-las na cesta de lixo de seus arquivos mentais. Confesso, porém, que elas me dão uma terrível vontade de ir à livraria mais próxima, comprar e mergulhar nessa visita cruel. A semana que vem falamos de Jonathan Franzen. A foto aí é de Jennifer Egan.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Crônicas de José Carlos

Virginia é contadora e proprietária de um escritório de contabilidade no centro da cidade. Estamos casados de papel passado há dez anos, mas nossas vidas se cruzaram bem antes. Quando conheci Virgínia ela era uma jovem sonhadora que tentava encontrar o sucesso compondo canções, e mandando a fita cassete com suas músicas para as gravadoras, assim como faz um escritor, que envia suas obras para as editoras. Ela tinha uma banda que tocava suas composições e outras conhecidas de compositores diversos. Cantava bem a minha mulher, e era afinada; suas músicas eram boas, mas nunca conseguiu emplacar nada. Nos conhecemos em um barzinho que ela tocava pra ganhar uns trocos. Encantei-me com seus olhos amendoados, aquela aura de independência e de mulher bem resolvida. Mas eu não queria saber de casar. Namoramos uns cinco anos. Durante nosso namoro, nasceu o Gabriel. Ainda assim optamos por não casar, cada um continuou vivendo em sua casa. Nós éramos marido e mulher, e um filho, morando em casas separadas. Quando Virgínia veio me contar que havia desistido da música pra fazer contabilidade eu soltei um arranco gutural, e quase morri sufocado. Aquela hippie metida a besta ia cursar uma faculdade de contabilidade?, não é possível. — Faculdade é pra gente séria, Virgínia! – eu disse, já esperando uma reação homérica à moda de Virgínia. — É, talvez seja isso. — Hã? Eu fiquei sem entender. — Cansei de brincar de fazer música, José Carlos! Afinal de contas eu tenho um filho, meu! Já está mais que na hora de me tornar uma pessoa séria! Depois disso Virgínia se tornou uma pessoa séria, até séria demais, acho. Virou contadora, perambulou por alguns escritórios de contabilidade da cidade até abrir o seu.

                                                              Extraído de “Memórias de Meu Herói” de Sergio Adriano G.Geia

domingo, 20 de maio de 2012

Dicas do blog



Há um bar em São Paulo chamado “Traço de União”. Lá você encontra, aos sábados, samba da melhor qualidade, sucessos imortais, acompanhado de uma apetitosa feijoada. Estive lá com a Cris e alguns amigos pra conferir. É bem bacana a casa. E depois das três da tarde enche de gente bonita, que nem espaço para andar tem. Quem puder ir lá, vá e confira. Vale a pena, pela feijoada, e principalmente pelo samba de raiz. Ah!, o bar, restaurante, casa de show, sei lá, tem como madrinha a Beth Carvalho. E fica em Pinheiros. Se você pesquisar no You Tube você encontra vídeos da Dayse do Banjo cantando lá. É bem legal. Essas fotos aí são do Aldo Bueno, sambista dos bons, animando a moçada”


sábado, 19 de maio de 2012

Divagações

Como é boa aquela sensação de calma interior, de paz, um lago sereno, alegria incomparável, que não encontramos nas riquezas e bens materiais que o mundo secular oferece. Lembro-me de tê-la experimentado há muito tempo atrás, quando mais jovem, após ler a biografia de São Francisco de Assis, e me inspirar em suas ideias, ousei transformar teoria em ações concretas de apoio ao ser humano. Confesso que foi um período maravilhoso e inesquecível de minha vida, e que me sinalizou algo importante: quando nos doamos a alguém ou a alguma causa, experimentamos este sentimento imprescindível para a vida das pessoas. O mundo já produziu grandes figuras humanistas que doavam a sua vida ao próximo. Nem preciso citar, você sabe, e com certeza já lhe veio à mente várias delas. Outro dia vi pela televisão a entrevista de um padre de São Paulo cujo nome não me recordo, que se sentia incomodado de ir celebrar a sua missa diária, e se deparar com seres humanos se destruindo pelo uso de tóxicos, amontoados como entulhos ao redor de uma praça que enfeitava o suntuoso santuário. Isso existe aos montes. Mas esse padre fez diferente: incomodado por um bichinho que despertou, ele foi atrás, arregaçou as mangas e tratou de oferecer ajuda para aquelas pessoas, uma palavra amiga, criou um grupo multidisciplinar, ofereceu apoio especializado, abrigo, alimento. Fico absolutamente emocionado sempre que conto a história que li, relatada pelo atual Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Carlos Ayres Brito. Ele foi relator daquela ADI movida pela Procuradoria Geral da República contra dispositivos da lei de biossegurança, as pesquisas com células-tronco embrionárias. O Supremo marcou diversas audiências públicas para ouvir pesquisadores, médicos, advogados, a igreja etc. Numa delas, disse o Ministro, uma pesquisadora narrou que em certo dia, uma garotinha doce fez a seguinte pergunta: “doutora, por que a senhora não faz um buraco nas minhas costas e coloca uma pilha para que eu possa sair andando igual às minhas bonecas?”. Ele pensou: “como posso votar desfavoravelmente à constitucionalidade de uma lei tão importante para essas pessoas?” E concluiu: “Essa menina elaborou meu voto. A pilha sonhada seria algo obtido por meio das pesquisas com células-tronco”. Tenho absoluta certeza que é simplesmente incomensurável o bem que aquele padre e o senhor Carlos Ayres Brito proporcionaram a centenas de milhares de pessoas. Fizeram algo mais do que se esperava deles. Não escolheram a primeira opção, a mais simples, a mais fácil, a mais cômoda, a mais conveniente. Escolheram a segunda. A mais difícil, a mais desafiadora, a mais imprevisível, a mais humana. Seus gestos certamente nasceram do self superior, onde o amor resplandece com todo o seu brilho e altivez. Mas também, tenho a mesma convicção, que o bem que fizeram a si mesmos não se mede pelos meios convencionais. Encontraram aquela sensação de calma interior, de paz, um lago sereno, alegria incomparável, que não encontramos nas riquezas e bens materiais que o mundo secular oferece.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Crônicas de José Carlos


Cantina Gadioli. Sábado. Um suco de melão para mim, uma taça de vinho para Virgínia. Ela adora vinho. Eu também, mas optamos por respeitar a lei seca: um dia um bebe, o outro chupa o dedo. E assim vamos. Um pequeno sacrifício. Não custa nada. Mas o que eu queria dizer mesmo é outra coisa. Ela nota um casal na mesa ao lado se divertindo. Ele com seu brinquedinho sofisticado. De longe me parece um Smartphone Motorola RAZR XT 910. Ela também não fica atrás: um iphone 4S. A aliança confirma: são casados. O casamento vai mal, digo. Virgínia me olha assustada. Não o nosso, o deles eu quis dizer, ô! Mas esse negócio de mundo virtual é o bicho! Eu gosto também dessas maquininhas, agora o casal sai pra jantar e fica brincando em vez de jogar conversa fora, trocar experiências, ouvir boa música. Fica em casa então, cacete! Ou separa! Até parece que você não é igualzinho, José Carlos! Virgínia me interpela. Você só não traz o seu porque eu não deixo. Também, sair comigo e ficar no celular, era só o que me faltava. Comecei a pensar se ela tinha razão. É claro que não tem razão. Nada a ver, digo. Eu gosto do troço, mas cada coisa tem sua hora. Outro dia nós fomos ao Armazém 82 e você ficou vendo jogo no telão, não lembra não? Me trocou pelo futebol! É a mesma coisa! O que vamos pedir?, pergunto. Estou com vontade de comer aquele escalopinho ao molho madeira, eu mesmo respondo. Melhor assim, penso. Sim, sim, na superfície. É bem melhor.

Comunicado

O autor informa que suas crônicas estão sendo publicadas com exclusividade na página Crônica do Dia ( www.cronicadodia.com.br ). Convida...