Lembro-me da vitrola. Ah!, a minha velha
vitrola, de cor âmbar, de duas caixinhas, o aparelho mais rudimentar que alguém
possa imaginar. Depois comprei um 3 em 1. Tinha o toca-discos, dois toca-fitas
– e isso era uma beleza, a gente podia gravar de fita pra fita –, e o rádio, FM,
é claro. O som, tanto da fita cassete, quanto do vinil, não era lá grande
coisa. Tinha aquele chiado. E não é que tem gente que aplaude a volta do vinil
exatamente por causa do chiado? Vai entender...
Eu comprava disco lá na Discolândia,
que ficava no mercado, nem sei se existe mais. Comprei muito compacto – pros mais
jovens, aquele disquinho menor, com duas músicas apenas. O long-play, geralmente
com doze músicas, era mais caro.
Lembro como se fosse hoje o senhor
Francisco Paixão vindo me dizer que tinha comprado um aparelho de tocar CD. E o
som, comé que é, quis saber, entusiasmado, ao que ele respondeu que era limpo,
limpo como a Serra da Mantiqueira em dia de sol. Depois disso eu também comprei
um. Mas, pra minha sorte – já que eu o tenho aqui comigo até hoje funcionando
que é uma beleza –, ele toca vinil também.
Não sei por quê, mas escrevendo essas asneiras aí, me deu uma vontade
de dar uma olhada nos meus velhos vinis. É, eu tenho guardado aqui em casa uma
porção deles, que escaparam do carrinho do seu João.
Pego a escadinha no quintal e escalo a
minha estante até encontrá-los lá em cima, bem arrumados junto aos livros.
Em 1977 – poxa, vai tempo, hein? –
passou na TV Tupi a novela “O Profeta”. Não é que eu tenho aqui comigo essa
preciosidade, o disco da novela!? “Quem dá mais”, gravada pelo Antonio Marcos; “Jura
secreta”, com a Simone. Quem interpretou magnificamente o profeta foi o Carlos
Augusto Strazzer. Eu assistia àquela novela. Lembro-me muito da testa do
Strazzer – eta, testa grande! Todas as vezes que ele ia ver alguma coisa,
geralmente sinistra, a câmera se dirigia para a testa dele. Coisa de louco.
Encontro um cujo título é “Verão 84”. Grupos
como Absyntho (Ursinho Blau Blau), Barão Vermelho (dispensa apresentações),
Grafite (Mamma Maria), Rádio Táxi (Eva), Sempre Livre (Sou Free), Gang 90
(Nosso Louco Amor). Poxa! Gang 90, nem me lembrava mais...
Nas festas de Santa Teresinha, na
quermesse, eu e os Castilhos (Paulo e Fábio) tomávamos conta do serviço de som.
Teve um ano que só deu o “Nosso Louco Amor” e a “Menina Veneno”. Tocamos até
arrebentar os pobres.
Ops... Não, não pode ser... Não, não...
Um descuido... “Sol de Verão”, internacional... Novela global de 1983. Na capa
eu vejo escrito: “Pertence a Mauro Castilho Gonçalves”.
Poxa... Mancada minha, hein, Maurão? O
disco tá bem acabadinho, a capa colada com durex, você sabe, né, tocou muito na
festa. Prometo que devolvo. Um grande abraço, meu amigo!!! E bora escutar...