sábado, 22 de dezembro de 2012

Valeu!


2012 foi o ano de nascimento deste blog. Só por isso já valeu, mas muita coisa boa aconteceu e eu só posso dizer: muito obrigado! Obrigado a todos que acompanharam minhas crônicas e os demais posts. Obrigado aos seguidores  Ousana, Darci Siqueira,  Chiara,  Carol,  Silvio César,  Erito,   João Guarnieri e Marcos Menecucci (no canto direito aí). Obrigado ao João Guarnieri pela parceria, ao Marcos Geia pelo carinho. Obrigado a todos que inseriram esta página dentre os seus favoritos e que regularmente estão aqui. Obrigado aos amigos que de vez em quando aparecem, e aos amigos do face. Enfim, muito obrigado! Que 2013 seja um bom ano para todos! Valeu!
P.S.: se tudo der certo, lanço meu primeiro romance em 2013! Espero vocês lá!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Que tal estimular um segundo pensamento?


Eu às vezes visito supermercados. Realmente adoro supermercados porque posso ver muita coisa bonita. E assim, quando olho para todos aqueles artigos diferentes, surge em mim uma sensação de desejo, e meu impulso inicial poderia ser: “Ah, eu quero isso e mais aquilo”. Brota então um segundo pensamento e eu me pergunto: “Ora, será que eu preciso mesmo disso?”. Geralmente a resposta é não. 

Dalai Lama (A Arte de Felicidade, pg.29)
 

sábado, 15 de dezembro de 2012

Trechos de um concerto


Desce do céu um pó branco, flocos de neve que o surpreendem e o deixam branquinho da cabeça aos pés. Disfarça. Limpa os cabelos e o paletó. Põe na cara um sorriso amarelo, mas suficientemente apropriado para demonstrar que achou aquela ideia, não sabe quem a teve (não pode ter sido o próprio André!!!), bárbara, extraordinária, estupenda, transformar aquele pedacinho de Sampa nos próprios Alpes Suíços. No fundo, no fundo, está com vontade de mandar todo mundo à merda e ir embora.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Deus me livre de ser normal


Que título sugestivo, não? É mote até para uma crônica. “Nada de seguir o rebanho. Seja você. Viva sua essência. Doa a quem doer”. São tantas canções que me vem à cabeça... A Balada de um louco, Maluco Beleza... Mas não é nada disso. “Deus me livre de ser normal” é o espetáculo de dança que a Escola de Dança Dilma Gama vai apresentar neste final de semana, no Teatro Metrópole, em Taubaté (15 e 16/12/12). Olha, vale a pena!  Um espetáculo mesmo! Do mais alto nível! Sábado e domingo, às 17:00 horas (infantil), e às 20:00 horas (adulto). Ingressos no teatro, nos dias do espetáculo (se sobrar algum). Antecipado, na academia, no bairro do Belém, com a tia Sonia. E tá falado!

sábado, 8 de dezembro de 2012

Que calorão!


Se a civilização humana não fizer alguma coisa logo, vai dar um exemplo formidável de burrice total e absoluta. E depois somos nós os animais dotados de inteligência. Começo a duvidar... 

Que calor é esse, meu amigo? Onde nós vamos parar? Será que eu ainda vou estar vivo para ver as tragédias que cavamos? A explosão de cabeças e miolos, corpos e peles, arrastados por chuvas torrenciais que ano a ano despencam com violência nos pisos lisos e escuros que o homem constrói, ate entupir, sem grande esforço, nossas já congestionadas bocas de lobo?
Credo... Que verborragia catastrófica...
Mas, sinceramente, puxando pelo baú, não encontro tanto calor assim.
No verão, lembro que eu saía na rua e o asfalto queimava o pé. Eu tinha mania de andar descalço. Aliás, quem não tinha naquela época, hein? O pé, por conta disso, ganhava uma casca dura e protetora, um escudo, sólido, que nem caco de vidro, o inimigo número um dos pés descalços, chegava a assustar.
Está certo que do baú eu também tirei um rasgão no meio dos dedos, nem sabia o que era, mas eu saía descalço e do rasgo minava aquele líquido vermelho que até hoje, nesta era de modernidade artificial, assusta os mais sensíveis. Resultado: adeus à sensação de liberdade, o pisar na terra nua, na grama molhada, na poça barrenta. Meu pé ganhou um kichute (lembra do kichute?) e pele de moça.
Quando comecei a trabalhar, meu corpo foi vestido de calça comprida, sapato, meias e camisa de botão. Adeus, calção. Peitoral nu. Vadiagem. Andava uma meia hora pisando duro e desengonçado – demorei pra me adaptar aos sapatos. Chegava no trabalho suando, o ventiladorzinho morrendo de trabalhar. Mas não... não... O calor não era assim...
Casei em janeiro. Cismei que queria um produto pra passar no rosto e conter o suor. Já pensou, no altar, aquela cara cromada? Sem opções, meti um talco que não decepcionou. E mesmo em janeiro, mesmo sendo talvez o mês mais quente do ano, não senti tanto calor.
Talvez em um único lugar eu tenha sentido calor parecido: Ubatuba. No verão. Um calor abafado, insuportável, daqueles que a gente não quer deixar o chuveiro. Mas aí não conta. Ubatuba é Ubatuba. Quente mesmo, principalmente no verão.
Mas essa sensação de que as temperaturas estão subindo não é só minha: todo mundo tá percebendo. Inclusive a ciência.
Um grupo de cientistas que integram o projeto Berkeley Earth Surface, liderado pelo físico americano Richard Muller, da Universidade da Califórnia, concluiu recentemente que de fato a Terra está esquentando muito rápido: nos últimos 250 anos a temperatura aumentou 1,5 grau. Pode parecer, mas isso não é pouco. E a causa? Alguém adivinha? Os gases poluentes emitidos pela atividade humana.
O trabalho é idôneo. Inclusive Richard era um dos muitos cientistas céticos que tem por aí, que defendem que o aquecimento nada tem a ver com a participação humana. Muitos acham que o planeta está esquentando porque vivemos em uma era interglacial, de aquecimento mesmo.
Mas ele fez uma pesquisa séria, coletou dados de 39 mil estações de medições meteorológicas durante dois anos, e concluiu o que a sensibilidade de qualquer batuta já indicava: está cada vez mais quente. Eu sei, as pessoas na rua sabem, todo mundo sabe.
Se a civilização humana não fizer alguma coisa logo, vai dar um exemplo formidável de burrice total e absoluta. E depois somos nós os animais dotados de inteligência. Começo a duvidar...
Encontro uns conhecidos meus que me param na rua e se dizem preocupados com a chegada do verão. Sim, porque se na primavera estamos com esse calorão, imagina no verão!
Eu faço uma troça. Esquenta, não! – digo. Esquenta, não!  No verão refresca. E vá se acostumando! No outono esfria. No inverno esquenta. Na primavera ferve... Está tudo de cabeça pra baixo...

 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Que tal um bom livro, hein?


A solidão é um valor que precisa ser recuperado. As pessoas têm muito medo da solidão. Solidão é uma coisa boa. É preciso ficar um pouco sozinho. O ato da leitura de um livro é um ato solitário no meio de um mundo barulhento...
           Cristovão Tezza

Que tal um bom livro, hein? É uma ótima opção para presentear quem você gosta. Quer algumas sugestões?  O filho eterno, de Cristovão Tezza (foto abaixo). Excelente. Narra a história de um pai que tem um filho com síndrome de Down. Detalhe 1: o autor tem um filho com síndrome de Down, cujo nome é o mesmo do personagem do livro. Detalhe 2: o livro foi classificado como romance, muito embora tenha um viés autobiográfico.  Dois Irmãos, de Milton Hatoum. Maravilhoso. O autor explora temas como o drama familiar e a casa que se desfaz. Denso. Impactante. Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios, de Marçal Aquino.  Outra leitura ímpar, explosiva, trágica. São três dicas nada novas, mas extraídas do que se tem de melhor, do biscoito fino da literatura contemporânea nacional. E todos eles fazem o que a boa literatura deve fazer: inquietar. 
 

sábado, 1 de dezembro de 2012

Philip se aposentou


Meu amigo Philip se aposentou. Agora chega, ele disse. Terminei. Já trabalhei demais. Se E.M. Forster parou aos quarenta... Philip está com setenta e oito. Está cansado. Acha que chegou o momento de parar. Azar o nosso.
Desde que o conheci, alguns anos atrás, passei a admirá-lo, e muito mais do que um amigo, me tornei seu fã. Quando abri os jornais e dei de cara com a notícia, minha primeira reação foi pegar o telefone e dizer-lhe “puta que pariu, Philip! O que aconteceu, cara?!”, como se isso fosse algo improvável de ocorrer. Até Pelé parou, oras, por que o Philip não iria parar?
Sim, sim, estou falando do Pelé das letras, do escritor Philip Roth. Não, não, não é o que você está pensando. Ele nunca esteve em minha casa em Taubaté, bebendo um vinho, comendo um risoto. Eu nunca estive em sua casa em Connecticut, tomando um chá, batendo um papo. Nós nunca nos falamos ao telefone.
Mas posso dizer que somos amigos, muito embora ele não me conheça, nunca tenha me visto, nem saiba de minha insignificante existência. Mas eu o conheço, e o conheço bem. E esse conhecimento profundo que tenho de gente como Coleman Silk, Narthan Zuckerman e Bucki Cantor me autoriza, segundo as normas vigentes de meu precário entendimento das coisas, a considerá-lo meu amigo de verdade, e de longa data.
Você se deixar enlevar por um livro é umas das coisas mais significativas que existem nesse mundo. Eu sempre gostei de ter um bom livro nas mãos, de preferência um romance. Quando li o livro do Philip, eu delirei. Enfim, tinha encontrado um escritor que escrevia as coisas que eu tinha vontade de ler.
Tinha medo de passar a vida inteira sem dar de cara com um desses. Para mim, isso era muito importante. Encontrar um escultor das letras com quem me identificasse, olho no olho, cujas histórias me tocassem lá no fundo, cuja linguagem enchesse de alegria meus cansados olhos.
Seus tijolões me proporcionaram tudo isso em agradabilíssimos momentos, daqueles em que a gente não vê o tempo passar, que a gente se deixa levar, se entregando, mergulhando completamente; daqueles em que pessoas que têm suas existências definidas por limites exclusivamente ficcionais se tornam presentes em nossa vida cotidiana, pessoas íntimas, que ganham na nossa imaginação, pura existência real, como se fossem nossos amigos há tanto tempo.
A boa história pode proporcionar isso. Muito já se discutiu sobre o propósito da literatura, sua finalidade, sua razão de ser. Não quero invadir essa seara, que deixo muito amavelmente aos literatos, aos mestres da literatura, aos homens e mulheres das letras.
Mas usando de uma assertiva tão simples como um pé de milho, digo que a boa literatura faz bem ao homem, e que Philip me fez muito bem por muito tempo.
Ainda bem que tenho um manancial de suas histórias na minha estante. Ainda bem que posso, quando, como, onde e na hora que quiser, deitar numa rede macia, ou numa cama quentinha, servir-me de um bom tinto, e me deixar levar por uma boa história, ainda que seja a título de revisitação.
Quando leio o que você disse, Philip, que queria saber se escrever tinha sido uma perda de tempo, e concluiu que tinha sido sobretudo um êxito; que no fim da vida o boxeador Joe Louis disse que fez o melhor que pôde com aquilo que tinha e que seria exatamente isso que você diria de seu trabalho, eu lhe digo, meu amigo, que concordo, embora minha opinião e o mugido de uma vaca tenham o mesmo valor.
E sem querer ser impertinente, digo mais: fiquei triste por sua aposentadoria, mas feliz por um dia você ter tido a infeliz ideia de querer ser um escritor.

Comunicado

O autor informa que suas crônicas estão sendo publicadas com exclusividade na página Crônica do Dia ( www.cronicadodia.com.br ). Convida...