quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Jabuti (02)


                    " Esse prêmio devia me proporcionar apenas alegria, mas me causou um desconforto muito grande. Em muitos momentos, um desconforto maior que a alegria".
                                                                                                                                            Oscar Nakasato

Saiu na Folha de 27/10: “Oscar Nakasato estava em um supermercado de Apucarana, interior do Paraná, quando recebeu uma ligação informando que era o vencedor do prêmio Jabuti na categoria romance. (...) Quando chegou em casa, outras ligações, de jornalistas e amigos, já avisavam que estava envolvido em uma grande controvérsia”. Na verdade, Oscar nada teve a ver com a traquinagem. É um escritor, como tantos outros, honesto, correto, que batalhou dignamente pela publicação de seu livro (ele disse que foi recusado por todas as principais editoras do país e que demorou 4 anos para conseguir publicar "Nihonjin”).

PS. A Folha revelou que o autor da traquinagem, o tal jurado “C”, chama-se Rodrigo Gurgel, que é crítico e editor.



sábado, 27 de outubro de 2012

Trechos de um concerto


Os pés não mexem. As pernas também não. Nem os braços. As mãos. A cabeça. Ele está deitado em sua cadeira adaptada. Mal consegue enxergar o palco. Aliás, sejamos honestos: ele não consegue enxergar o palco. Mas não faz mal. Ele ouve. A música penetra em seus ouvidos e o acalma, o anima, o faz transbordar, transmudar para um outro lugar onde a vida é mais sublime.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Jabuti


E o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro deu o que falar na última semana. Como se não bastasse a polêmica ocorrida em 2010, quando Chico Buarque ficou em segundo lugar como melhor romance (ganhou o livro do Edney Silvestre), mas inexplicavelmente ganhou como livro do ano, agora uma outra confusão.
Oscar Nakasato, com seu livro Nihonjin (Benvirá), recebeu o prêmio de melhor romance. Oscar é um novato, mas até aí tudo bem, se o livro é bom, não importa que seja novato. O problema ocorreu nas notas dadas pelos jurados, ou, melhor dizendo, nas notas atribuídas por um certo jurado “C”, que beneficiou autores estreantes em detrimento dos consagrados.
Deu, por exemplo, nota zero para o romance “Infâmia”, de Ana Maria Machado, que recebeu dos outros dois jurados as notas dez e nove e meio. O critério acabou causando um desequilíbrio abissal entre as obras já que para o livro do Nakasato ele deu dez.

Muito embora exista quem defenda ter havido manipulação de resultado, para o curador da premiação José Luiz Goldfarb isso não aconteceu, porque as notas dos concorrentes ao prêmio foram entregues em envelopes lacrados ao Conselho Curador, um não sabia da nota dada pelo outro.
Tá. O cara dá dez para um livro, e uma chuva de zeros e um e meio para os outros, e isso não é manipulação? Não é má-fé? Não é ter intenção de beneficiar uma determinada obra?
A pergunta que fica é quem será esta sumidade literária hoje apenas identificada como jurado “C”.

sábado, 20 de outubro de 2012

Eu voto para prefeito no...


O que eu queria mesmo era dormir. Arrumei a cama, estiquei o edredom, deixei cair o esqueleto para um descanso mais que merecido. Antes do apagar das luzes, porém, resolvi dar uma zapeada. Foi o meu erro.
A Band exibia o debate entre Ortiz Junior e Isaac do Carmo, candidatos a prefeito de Taubaté. Não queria assistir. Queria dormir mesmo, mas o tom acalorado do debate acabou me enfeitiçando, e eu fiquei.
Meus caros amigos, política é uma coisa que eu tento evitar aqui no blog. O blog é de literatura, tem a proposta de tratar de temas literários, e também de divulgar a minha produção literária. Mas não dá. Faltando uma semana para a eleição, vendo tudo que vi, não dá pra segurar.
Vamos lá então.
Voto no Junior. Já votei nele há quatro anos, já votei nele no primeiro turno, o conheço desde os tempos em que trabalhei na prefeitura. É um cara bom, culto, inteligente, preparadíssimo. Mas não conhecia o Isaac. Estava aberta a oportunidade, portanto, para conhecê-lo. Quem sabe não estaria nascendo aí um novo bom político pra nossa cidade?
Nada disso. A diferença entre os dois candidatos é brutal. Enquanto Junior discute todos os temas com segurança, equilíbrio e conhecimento, o Isaac boia na superfície, não aprofunda nada. E, sinceramente? Se mergulhar afoga. O debate deixou bem claro isso.
Não é possível um candidato sustentar uma candidatura à prefeitura de uma cidade do porte de Taubaté apenas dizendo que “eu vou fazer”, “que o governo federal vai fazer”, “que o PT faz”, etc., sem dizer como vai fazer, quando vai fazer, quanto vai custar. Eu quero saber mais!  Todo mundo quer saber mais!
Isso pra mim é de um populismo barato. É dizer o que as pessoas querem ouvir, promessas, promessas, mas sem conteúdo, e, sinceramente, já estamos cansados de promessas. Eu esperava um candidato mais preparado, minimamente preparado.
Nada contra o PT, mensalão à parte. Acho Carlinhos de Almeida um ótimo político. Acho Vera Saba estupenda. Agora quando escuto a propaganda que o Isaac já fez muito por Taubaté e isso e aquilo, minha vontade é rir...
Metade do debate ele passou fazendo ataques pessoais a Junior. A outra metade ele passou boiando na superfície. Meu Deus, eleger mais um candidato despreparado para governar nossa cidadela?
Sinceramente não dá, com todo o respeito a você Isaac que venceu candidatos muito melhores graças à aparição de um ex-presidente populista, não dá. Nesta eleição, não. Aliás, Junior já tinha de ter vencido na última, em 2008. Mas o povo é soberano, e preferiu ouvir o mesmo ex-presidente que agora vem defender você. E deu no que deu.
 
P.S. Se você não concorda, fique à vontade. Este é um espaço democrático. Fale, grite, esperneie, meta o pau. Graças a Deus, vivemos uma democracia tupiniquim!
 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Dicas do blog - Donna Pinha


Que sábado molhado esse último, não? Ficar em casa seria uma ótima pedida. Acompanhado de um romance, uma taça de vinho... Mas contrariando essa lógica peguei meu carro e fui almoçar em Santo Antônio. No Donna Pinha. Já estiveram lá? Não? Recomendo. Lá tudo funciona. Os pratos são preparados com enorme delicadeza. Os ingredientes são de primeiríssima qualidade. O atendimento é excelente. Soma-se a isso tudo um cardápio variado e sofisticado, e um bom piano. Valeu a pena vencer a estrada molhada e branca pra curtir um pouquinho do frio da montanha. Para os amantes da boa mesa, está aí a dica. É logo na entrada de Santo Antônio, à esquerda de quem vai. E até 30/10 você encontra o VIII Festival da Alcachofra, com combinações fantásticas criadas pela chef Anouk Rosa. Imperdível!
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 





sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Na rua Professor Moreira...


Um domingo ensolarado e quente. Depois de minha caminhada matinal, depois de tomar um café caprichado na padaria, depois de vencer o supermercado, fui cumprir o meu dever cívico de sempre, e votar no prefeito e no vereador que escolhi para me representar nos próximos quatro anos.
Não está fácil escolher. Aliás, a cada ano que passa fica mais difícil. Vereador, nem se fale. O critério que escolhi este ano foi votar numa pessoa que conheço, que sei que é digna, que é comprometida com valores humanos essenciais, tem boa formação, que é integra, e que é uma pessoa amiga. Com base nesses critérios o escolhi, e acredito que ele possa bem me representar na Câmara.
E lhe avisei que estava votando nele. Desde a última eleição municipal que adoto esta postura. Alguns dias antes, aviso ao meu candidato que estou votando nele. Se ganhar, ótimo. É o meu representante. E lhe cobrarei atitudes dignas e sérias no legislativo.
Porque pesquisar a vida do candidato, ouvir suas propostas, sua ideologia, sinceramente? Pra mim é tudo balela. O cara ganha, experimenta o gostinho do poder, e muda da água pro vinho. Exemplo clássico é o Lula. A vida inteira defendeu algumas bandeiras, e foi contra em outras tantas. Quem votou nele por ideologia deve ter se decepcionado. O cara mudou completamente o discurso depois que se tornou presidente.
Mas meu domingo foi muito especial. Não por causa da eleição. Não diretamente, eu quero dizer. Voto no Municipal. Deixei meu carro estacionado na rua Professor Moreira. Segui a pé até a escola.
A rua Professor Moreira é uma rua comprida que começa ali próximo ao Municipal e termina lá embaixo, quase chegando à Praça da CTI.
Minha avó morou lá, na casa de número 545. Ao descer do carro, confesso que fiquei emocionado ao lembrar minha história naquela rua. Quanta coisa vivi por lá! Quantas pessoas amigas! Quantas peripécias!
De cara encontrei a Ousana. Continua morando na frente da casa que foi da minha vó. Foi minha chefe por anos na Prefeitura. Uma pessoa amável, admirável e supercompetente. Nos abraçamos e senti naquele momento que o dia prometia. Que alegria...
Tinha muitas crianças naquela rua. Eu saía lá da Desembargador pra brincar na casa da minha avó. O Bola, o Dito, o Helinho, o Carlão, o Maurício, o Odevanir, o João Alberto, o Gustavo, o Paulo Castilho, o Fernando, o Adriano, o Grô, o Geovane. Tanta gente. Brincávamos de bolinha de gude, esconde-esconde, polícia e ladrão, bafo, empinar pipa. A rua era nossa.
Jogávamos bola na lagoa – ou no campinho ou no campão, hoje ambos tomados de casas. Quantas vezes, de noite, eu peguei o meu violão e fiquei tocando na frente da casa da minha avó...
Dona Lourença. Ou Lourenza. Ou Laurença. A minha avó era avó de todos, não importa o nome. Com seu cabelinho branco escasso ela ficava encostada no muro vendo os alunos indo pra escola, voltando da escola, a criançada da rua.
Quem não está mais lá é o Valdir. Nem sua casa. No espaço hoje tem um prédio. Lembro de um domingo que a criançada toda se agitou com o jogo maneiro que passava na televisão dele. Nós fomos lá jogar futebol ou tênis. Podia escolher. Telejogo. Nem existe mais. Se perguntar para os jovens de hoje, nem saberão o que é. Naquela época era a última geração no segmento de jogos eletrônicos. 
Uma vez pisei em cacos de vidro e meu pé se encheu deles. Nada de deixarem botar uma agulha sequer nele. O pé é meu, com ele faço o que quero. Andei mancando por vários dias, só colocando o calcanhar no chão. Eis que aparece o Chaveco atiçando a criançada. Todo domingo ele distribuía doces e chocolates por lá. Mesmo mancando eu fui receber a minha parte. Depois, minha tia me pegou de jeito.
As lembranças são tantas que poderia ficar escrevendo o dia inteiro. E você com certeza já teria desistido e me mandado passear.
Depois de votar, fiquei lá uns dez minutos numa sombra aprazível com minha mulher. Vendo as casas, conferindo as mudanças, procurando encontrar alguém conhecido. Não encontrei ninguém. Tudo bem. Por tudo que estava sentindo, meu domingo de eleição já tinha sido pintado com outras cores. E ficou mais bonito.

 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A serenidade do Dalai


                                                 “bebericava calmamente seu chá, em perfeita serenidade”

O Dalai-Lama estava prestes a falar para mais de 6.000 jovens num estádio na Arizona State University, e aguardava calmamente a hora de começar, bebericando seu chá.
Mas não foi só essa serenidade eloquente que me atraiu. O bom humor (como nos falta, meu Deus!!!), a capacidade de criar empatia, a confiança, a benevolência, a visão positiva diante da vida, a felicidade.
Que a partir de hoje nasça uma grande amizade entre nós!


 

sábado, 6 de outubro de 2012

Michel Laub é finalista do Prêmio Portugal Telecom


Tá aí uma boa dica. “Diário da Queda” de Michel Laub é um ótimo livro. Li esses dias. Gostei. Um garoto de 13 anos cai e se machuca bem na sua festa de aniversário, depois dos parabéns, em uma brincadeira dos colegas. A queda do título do livro evoca este fato cujas consequências, por não ter sido um simples acidente banal, se projetam em diversos fatos da vida do narrador.
Tem ainda as trajetórias de seu pai, com quem o protagonista tem uma relação difícil e o avô, sobrevivente de Auschwitz. Uma prosa bem interessante e de fácil leitura. Quem curte literatura brasileira contemporânea não pode deixar de ler. 
Os finalistas do Prêmio Portugal Telecom são: Michel Laub ("Diário da Queda"; editora Companhia das Letras), o português Valter Hugo Mãe ("A Máquina de Fazer Espanhóis"; editora Cosac Naify), Julián Fuks ("Procura do Romance"; editora Record) e Bernardo Kucinski ("K"; editora Expressão Popular), esses na categoria romance.
Sérgio Sant'Anna ("O Livro de Praga"; editora Companhia das Letras), Dalton Trevisan ("O Anão e a Ninfeta", editora Record)), João Anzanello Carrascoza ("Amores Mínimos", editora Record) e Evando Nascimento ("Cantos do Mundo" editora Record), na categoria contos/crônicas.
Gastão Cruz ("Escarpas"; editora Móbile Editorial"), Nuno Ramos ("Junco"; editora Iluminuras), Zulmira Ribeiro Tavares ("Vesúvio", editora Companhia das Letras) e Ana Martins Marques ("Da Arte das Armadilhas", editora Companhia das Letras), esses na categoria poesia.
O resultado sai em novembro.
 

 
 
 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Comunicado

O autor informa que suas crônicas estão sendo publicadas com exclusividade na página Crônica do Dia ( www.cronicadodia.com.br ). Convida...