A
agressividade da espécie não é só dirigida contra a própria espécie ‒‒
aliás, é bom que se diga: o homem é o
único animal que tortura seu semelhante por puro prazer, o que é uma lástima ‒‒, mas também contra tudo que
está à sua frente.
A
bola da vez foi Jorge Amado. Uma estátua de resina bronzinada, erigida em
homenagem ao centenário de seu nascimento, que fica lá em Itabuna, no sul da
Bahia, da noite pro dia acordou com seis buracos abertos à bala, além de marcas
de pedradas.
Atiraram
numa estátua. E não foi um tiro, uma bala perdida. Foram seis. Chama a atenção,
e basta uma visitinha no Google para comprovar, o número de monumentos e
estátuas erigidos em favor de um grande herói da brasilidade, destruído por
esses vândalos.
Em
Ubatuba, por exemplo, José de Anchieta peleja. Tenta resistir, mas sempre tem
gente levando o pauzinho que tem na mão, que faz alusão ao Poema à Virgem,
escrito nas areias da Praia do Cruzeiro. Não querem saber da história. Não
querem saber de nada. Querem destruir. O pauzinho, a mão, o braço.
Em
Taubaté, ergueram uma estátua graciosa do Jeca Tatu na Rua Humaitá. Não é que
deixaram o coitado do Jeca pelado, e até o seu cachimbo tiveram a pachorra de
levar! Vai ver algum ser inteligente e sensível às artes, com certas veleidades
historiográficas, pretende abrir um museu.
Mas
não são só monumentos. Os vândalos destroem tudo. Postos de saúde, creches,
escolas, terminais de ônibus, orelhões, banheiros públicos, lixeiras, imagens
de santos, aparelhos de ginástica ao ar livre, placas de trânsito, ninhos de
tartaruga e até cemitérios, apenas pelo prazer de destruir.
E
não é só aqui. Outro dia destruíram diversos monumentos na Rua dos Poetas, em
Santiago. 62 mil garrafas do vinho Brunello di
Montalcino, do selo exclusivo Soldera, na vinícola Casse Basse, na Toscana, foram
destruídas por vândalos, para as lágrimas dos apreciadores de vinhos
requintados. Na Crimeia–Ucrânia, eles puseram abaixo o monumento da Cruz, de 4
metros, na Montanha da Cruz em Oreanda, instalado pelos paroquiais das igrejas
de Yalta, em memória daqueles que morreram na 1ª Guerra Mundial, consagrado na
véspera do 90º aniversário da sua conclusão.
A
destruição corre solta. Não há prefeituras, dinheiro, nada nem ninguém que
resolva a situação. Eles consertam, dias depois está tudo quebrado.
Minha
filha, que me acompanhava enquanto eu escrevia esta crônica, depois de tudo lido
e a conclusão chinfrim, me deu a ideia: chama o Conserta Felix Jr!
Depois
ela me explicou o filme.
Boa,
filha! Boa!!!
Eis
aí um trabalhador que como muitos por aqui, ganham a vida glorificando a
deseducação alheia.
Hã?
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