No restaurante, na praça pública ou até
mesmo numa festa de aniversário os pivetes não desgrudam de seus brinquedinhos
eletrônicos. Muitas vezes estimulados pelos próprios pais, que querem sossego
pra comer seus filés e beber suas cervejas, não?
Até os adultos não desgrudam deles. Eu
mesmo já vi no restaurante a coitada da mulher escutando uma boa música,
tentando puxar um papo, trazer o maridão de volta e o mané lá, com seu iPad, lendo
o jornal, os e-mails, ou algo importantíssimo, tamanho o nível de
desconcentração do cara para com as coisas à sua volta.
E o que é isso senão viver num casulo?
O virtual está enterrado de cabeça em
nossas vidas. Um parabéns no face, um bate papo no skype. As pessoas estão se
conhecendo em sala de bate-papos, trocando informações, fotos. Sexo virtual.
Por falar em sexo, não inventaram a tal
da boneca Valentina? Os prostíbulos não estão tremendo nas bases? O solteirão
vai comprar uma dessas, vai pegá-la, se é que você me entende, quantas vezes
quiser, na hora que quiser, e se não quiser mais ela fica lá, guardadinha,
quietinha, esperando a próxima. A que ponto chegamos...
Em compensação, a humanização dos
animais está virando moda. Enquanto todo o moderno está afastando as pessoas
das pessoas, por outro lado, é cada vez mais comum tratar um cachorro como
alguém da família. Dormem dentro de casa, na cama, fazem ginástica, passeiam,
escovam os dentes, até se casam. Será que é porque não falam? Não colocam o
dedo nas nossas feridas?
Esses dias, lendo um livro do Nuno
Cobra, ele falava desse mal que é a televisão, que acabou por afastar as
pessoas umas das outras. Ele agora deve estar de cabelos em pé, se é que ainda
os tem, com essa profusão de coisinhas eletrônicas que cada vez mais coisificam
as pessoas, e isso desde a mais tenra idade.
As crianças vão crescendo sem saber
conversar, sem saber expor pontos de vista, sem saber se posicionar. Ficam na
frente da telinha do computador vendo imagens, conversando com os amigos na
linguagem dos horrores, se transformando dia a dia em seres insociais.
Se bem que muitos de nós já viramos
coisas há muito tempo. Fazemos tudo que todo mundo faz sem questionar. Vamos à
igreja, não sentimos nada, não trazemos nada, mas estamos lá toda semana. Um
compromisso com Deus. Posso estar sendo um robô, mas estou ali, e nem penso
sobre isso, nem enxergo, nem tenho consciência.
Estou casado, infeliz, insatisfeito,
mas uma nuvem densa cobre tudo. Assim vou até os meus dias finais, somente
porque tais “valores” foram escritos na minha alma e eu nem percebi.
A vida é cheia de condicionamentos, meu
amigo. O primeiro passo para fugir deles é descerrar a placa, digo, a venda.
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