É com enorme pesar que
comunico aos senhores e senhoras leitores: meu amigo Marcão, tão avesso às
coisas novas desse mundo, tão resistente à profusão de tecnologia que brota
como capim nas lojas e centros das catedrais do consumo, num rompante de pura
contradição, cujas causas desconheço, mas que serão objeto de investigação
oportuna, disse não ao seu velho e bom companheiro, para sucumbir às tentações
do novo mundo.
Não parei de correr para
não perder o ritmo, mas como sempre ele estava lá, na mesma praça, no mesmo
banco, as mesmas flores, o mesmo jardim. Confesso que demorei alguns segundos
para decifrar o mistério. Quando caiu a ficha, senti o coração apertar: cadê o
seu companheiro? E num piscar de olhos, a imagem tomou conta da tela, fazendo
inundar a visão com o pequeno orifício de seu orelhão (Marcão sempre foi
orelhudo), e eu notei, flanando quase imperceptível, os fios, finos e frios, de
um minúsculo fone de ouvido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário