Ele diz que pode existir amor num
relacionamento de pessoas do mesmo sexo. Que se a ciência humana hoje constata
que não dá mais para enquadrar o ser humano em categorias estanques, mas em
seres sexuados, e que o amor pode surgir em qualquer dos níveis (homossexual,
bissexual, heterossexual), a igreja precisa estudar melhor isso, senão estará
cometendo um pecado: o de não saber amar o seu próximo.
Ela reagiu furiosa. Disse que o padre
cometeu um gravíssimo delito de heresia e traiu o compromisso de fidelidade à
igreja a qual ele jurou servir no dia de sua ordenação sacerdotal. E soltou a
mão pesada: decidiu excomungá-lo.
Padre
Beto não é qualquer um. Filho de católicos, diz que se aproximou da religião
por causa da admiração a católicos progressistas como dom Paulo Evaristo Arns
(SP), dom Mauro Morelli (RJ) e dom Pedro Casaldáliga (MT). Depois de ordenado
foi para a Alemanha estudar teologia, onde também concluiu o doutorado em
ética. Diz que lá encontrou liberdade para refletir e questionar. É formado em
história e direito. É professor universitário.
Fico pensando ao ler essas notícias:
essa igreja mais uma vez perde o bonde da história. Nem com Francisco querendo
dar uma oxigenada em tanta coisa velha, esse povo não toma tento? Não pode mais
falar? Eles querem o quê, um cordeirinho de cabeça baixa que não questiona
nada?
Nenhuma sociedade, grupo ou instituição
evolui sem os questionamentos dos descontentes, daqueles que veem a coisa podre
e botam a boca no mundo, que têm a coragem de enfrentar a maioria, sofrendo na
própria pele e pagando o preço, às vezes alto demais, por nadar contra a
corrente. Se não fosse assim estaríamos ainda escravizando negros, vendendo as
indulgências, condenando os “assassinos” de Jesus.
Até onde me lembro, Jesus Cristo sempre
teve uma postura inclusiva, abraçando prostitutas, pagãos, doentes e cobradores
de impostos. Nos dias de hoje, se estivesse aqui entre nós, estaria abraçando
homossexuais, transexuais ou qualquer humano que não se enquadrasse nos padrões
e rótulos da sociedade mesquinha-dominante.
E não venham dizer que o padre sabia de
tudo isso quando foi para o seminário. O que vocês querem? Uma igreja estagnada,
fechada no seu egocentrismo, pecadora, que pune os que ousam discutir qualquer
invencionismo humano rotulado de divino?
Padre: como diz seu xará, o frei, “não pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo. Todo amor não decorre de Deus? Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus”. Continue botando a boca no mundo. Queremos ouvir.
Liberdade de expressão, direito ao questionário e exposição de uma ideia, sempre será repudiada pelos religiosos, que não entendem nada sobre o direito de cada um seguir o caminho que escolheu para si, quer seja na religião, quer seja na vida sexual ou profissional; enfim, tenho amigos gays que admiro e respeito muito, que possuem grande caráter e que também me respeitam na minha posição em que sou conhecido como pastor, enquanto alguns religiosos que conheço não são dignos de respeito algum. o padre está absolutamente certo, em se referir ao sentimento humano.
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