Agora tem um negócio: nove entre dez
que tomam a tal vacina, duas semanas depois estão gripados. “Não, ela não causa
gripe”, diz com convicção a aplicadora. “De jeito nenhum!” Sei...
Minha média é uma por ano. Esse ano,
pelo jeito, vai dar mais. É que essa que me pegou nada tem a ver com a vacina.
Não foi a vacina, foi vacilo. Depois de minha caminhada/corrida na Santa Teresinha,
lembrei-me de que precisava sacar um dinheiro. Entrei na conveniência e fui
tomado por um vento gelado vindo do ar condicionado.
Agora cá estou com essa coisa
horrorosa. Começou com uma dorzinha de garganta, depois a coriza, o entupimento
nasal, os espirros, as dores nas juntas, na cabeça. Não é dengue. Espero. Ainda
mais porque já mandei pra dentro os benditos remedinhos coloridinhos.
A vontade é ficar em casa, na cama,
debaixo de um pesado edredom, fazendo é nada. Tá aí uma coisa para as
autoridades pensarem: empregado gripado tinha que ficar em casa. Quer coisa
mais horrorosa que o cara chegar no trabalho espirrando vírus em tudo quanto é
lugar? Aquele nariz vermelho, que não aguenta mais lenço, aquele espirro
estrondoso que assusta até a lagartixa no teto?
Só afastam o doente quando a coisa tá
feia. Não, não, gripou, licença nele! Ele que se recupere serenamente em casa,
tomando bastante líquido, comendo uma frutinha, e o principal: sem contaminar
ninguém.
No mês passado, esse herege tava
tomando uma cerveja debaixo de um solzinho brando na Enseada, quando seu ouvido
acusou os espirros toscos de um cidadão que não parava de espirrar. Não um
espirro suave, de gente educada, mas aquele sonoro, grave, em que não se usa o
nariz, mas a garganta. Gozado, eu nunca ouvi um desses na igreja, na silenciosa
sala de espera de um médico, no cinema.
Mas o cara espirrava em lote. Cada lote
continha mais ou menos vinte espirros. Foi uma sucessão de pelo menos quatro
lotes. Que coisa medonha. As pessoas em volta olhavam torto para o doente, que
balançava as mãos tentando se livrar da água verde que descia solta de suas
narinas, e só não houve um branco total naquele pedaço de areia porque não
tinha mais espaço para acomodar tanta gente.
E dá-lhe cervejinha goela abaixo. E
dá-lhe camarão.
Malquistos pela sociedade, e com toda razão,
os gripados deveriam ficar em casa. De licença. De preferência, num quarto
fechado, com pouco contato com os seus. Sim, sim, porque pensando bem, eles
também não têm obrigação nenhuma de ficar aguentando seus espirros e os virusinhos
tremeluzindo à sua volta.
Se você está assim como eu, fique em
casa, meu amigo! E boa convalescença.
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