sábado, 15 de junho de 2013

Gripe

É, ela me pegou. Na verdade, me pega todos os anos, pelo menos uma vez. Não a espanhola, ou a asiática, ou a de Hong Kong. É a tupiniquim mesmo, a brasileiríssima.
Agora tem um negócio: nove entre dez que tomam a tal vacina, duas semanas depois estão gripados. “Não, ela não causa gripe”, diz com convicção a aplicadora. “De jeito nenhum!” Sei...
Minha média é uma por ano. Esse ano, pelo jeito, vai dar mais. É que essa que me pegou nada tem a ver com a vacina. Não foi a vacina, foi vacilo. Depois de minha caminhada/corrida na Santa Teresinha, lembrei-me de que precisava sacar um dinheiro. Entrei na conveniência e fui tomado por um vento gelado vindo do ar condicionado.
Agora cá estou com essa coisa horrorosa. Começou com uma dorzinha de garganta, depois a coriza, o entupimento nasal, os espirros, as dores nas juntas, na cabeça. Não é dengue. Espero. Ainda mais porque já mandei pra dentro os benditos remedinhos coloridinhos.
A vontade é ficar em casa, na cama, debaixo de um pesado edredom, fazendo é nada. Tá aí uma coisa para as autoridades pensarem: empregado gripado tinha que ficar em casa. Quer coisa mais horrorosa que o cara chegar no trabalho espirrando vírus em tudo quanto é lugar? Aquele nariz vermelho, que não aguenta mais lenço, aquele espirro estrondoso que assusta até a lagartixa no teto?  
Só afastam o doente quando a coisa tá feia. Não, não, gripou, licença nele! Ele que se recupere serenamente em casa, tomando bastante líquido, comendo uma frutinha, e o principal: sem contaminar ninguém.
No mês passado, esse herege tava tomando uma cerveja debaixo de um solzinho brando na Enseada, quando seu ouvido acusou os espirros toscos de um cidadão que não parava de espirrar. Não um espirro suave, de gente educada, mas aquele sonoro, grave, em que não se usa o nariz, mas a garganta. Gozado, eu nunca ouvi um desses na igreja, na silenciosa sala de espera de um médico, no cinema.
Mas o cara espirrava em lote. Cada lote continha mais ou menos vinte espirros. Foi uma sucessão de pelo menos quatro lotes. Que coisa medonha. As pessoas em volta olhavam torto para o doente, que balançava as mãos tentando se livrar da água verde que descia solta de suas narinas, e só não houve um branco total naquele pedaço de areia porque não tinha mais espaço para acomodar tanta gente.
E dá-lhe cervejinha goela abaixo. E dá-lhe camarão.
Malquistos pela sociedade, e com toda razão, os gripados deveriam ficar em casa. De licença. De preferência, num quarto fechado, com pouco contato com os seus. Sim, sim, porque pensando bem, eles também não têm obrigação nenhuma de ficar aguentando seus espirros e os virusinhos tremeluzindo à sua volta.
Se você está assim como eu, fique em casa, meu amigo! E boa convalescença.

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