sábado, 5 de outubro de 2013

Mudança de perspectiva

Uma vez um discípulo de um filósofo grego recebeu ordens de seu Mestre para durante três anos dar dinheiro a todos os que o insultassem. Quando esse período de provação terminou o Mestre lhe disse, “Agora você pode ir a Atenas para aprender a Sabedoria.” Quando o discípulo estava entrando em Atenas, encontrou um certo sábio que ficava sentado junto ao portão insultando todos os que iam e vinham. Ele também insultou o discípulo, que deu uma boa risada. “Por que você ri quando eu o insulto?” perguntou o sábio. “Porque durante três anos eu paguei por isso, e agora você me deu a mesma coisa de graça”, respondeu o discípulo. “Entre na cidade”, disse o sábio. “Ela é toda sua...” (A Arte da Felicidade – Um Manual para a Vida – Sua Santidade, O Dalai Lama e Howard C. Cutler, pg.194).
Os Padres do Deserto do século IV, um grupo de excêntricos que se retirou para os desertos de Scete, para uma vida de sacrifício e oração, ensinavam essa história para ilustrar o valor do sofrimento e das agruras. Ainda segundo Cutler, não foram apenas as agruras que abriram ao discípulo a “cidade da sabedoria”. O fator primordial que lhe permitiu lidar com tanta eficácia com uma situação difícil foi sua capacidade de mudar de perspectiva, de encarar a situação a partir de um outro ângulo.
Aldo Novak, numa entrevista dada a Marcia Peltier (há um vídeo no You Tube com a íntegra da entrevista), fala que realidade é uma coisa que muda de pessoa pra pessoa. Duas pessoas podem ver a mesma situação, e a partir da mesma experiência ter realidades completamente diferentes. Por exemplo: ele estava viajando, e descobriu que seu voo havia sido cancelado. A informação é de que teria de pegar um ônibus até aquela cidade maravilhosa que tanto queria conhecer, e, que naquele momento, tinha o aeroporto fechado em razão do mau tempo. Umas oito horinhas. Ele e mais um grupo adoraram a oportunidade que teriam para conhecer algumas outras cidades por terra. Outros, não. Rolou estresse, irritação, inconformismo, e mais uma infinidade de emoções negativas. A realidade mesmo não existe, segundo Novak; existem, sim, percepções da realidade. Você pode ver a situação de uma maneira que o beneficie. Não se trata do efeito Pollyanna. Você pode enxergar uma situação de maneira positiva e marcar gols a seu favor. Ou não. A escolha é sua.
Sua Santidade, o Dalai Lama, diz: “Parece que muitas vezes, quando surgem problemas, nosso enfoque se estreita. Toda a nossa atenção pode estar concentrada na preocupação com o problema, e nós podemos ter a sensação de que somos os únicos a passar por tais dificuldades. Quando isso acontece, creio que ver as coisas de uma perspectiva mais ampla pode decididamente ajudar.”
Com base em suas pesquisas filosóficas, Sergio Geia afirma que tudo isso diz respeito ao estado mental do ser humano. O problema está na nossa mente. E a solução também. Técnicas mentais são muito bem-vindas, e podem nos ajudar a tocar a vida, pois, livres de problemas — ah, camarada!, na vida tem isso não! Ampliar o enfoque tendo consciência de que não somos os únicos a sofrer aquilo. Procurar um ângulo mais positivo (marcar um gol a nosso favor). Encontrado, insistir, enfocar nele várias vezes. Fazer comparações: comparar situações, problemas em si. Ninguém acredita, mas essas técnicas relativamente simples podem ser instrumentos poderosos para nos ajudar a resolver os problemas diários da vida. É sério!!! Ah!, meu querido, nem só de crônica vive o homem...

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