Aproveito o instante, que vai durar
alguns minutos entre o deslocamento de casa até o local marcado para a saída, na
noite morna de um sábado julino, para rezar o terço pro menino. Meu pequeno
gigante militar vai ouvindo tudo com atenção, balançando a cabeça que sim,
concordando com tudo ipsis literis,
já sabendo eu que a cabeça do bichinho já flana pelas ruas de Porto Seguro, no
show do MC Guimê, numa noite em que se respira aventura e poder.
No meu tempo não tinha dessas coisas,
não! Comemoração de formatura era numa chacrinha emprestada pelo pai de alguém,
um churras básico, futebolzinho e olhe lá. Isso se a coisa toda não se
resumisse a um encontro em alguma pizzaria da cidade. Sem contar que a
comemoração era no final do ano. Claro! Eu nunca vi comemorar a formatura em
julho! É igual aquela história de lançamento de carro. Lança o carro modelo
2015 em maio de 2014.
“E aí, véio?”. Eles chegam e se
cumprimentam. Ficam só dando um bisu no movimento, meio de longe, tirando sarro
das bagagens alheias, curtindo aquele momento que sabem único de toda uma
existência. Não querem ir tomar seus assentos no ônibus. Num dado momento, já
um tanto incomodada, uma mãe intervém dizendo que já estava mais que no horário
e que seria melhor que eles fossem para o ônibus. “Nós já vamos. Só tamo
esperando o Pedrinho”. Desculpa esfarrapada, penso eu. Naquela agitação toda, com
certeza o Pedrinho já estava sentado em seu lugar, dando altas gargalhadas
sobre tudo o que acontece à sua volta.
Passa o tempo e os grandes homens, que
sabem tudo, enfim tomam a esperada decisão. Cada qual procura o pai, ou a mãe,
para deixar-se cair num abraço gostoso de despedida, receber um beijo amoroso e
transmissor de bons fluidos e boas energias. O meu segue a cartilha. “Vai com
Deus, meu filho! E se cuide, hein?”.
Meu pequeno gigante militar partiu.
Partiu pra Porto Seguro, deixando o dele aqui, porque lá, de porto seguro não vai
ter nada. Dez baladas. Duas micaretas. Um churrasco com pagode. Shows com MC
Guimê e MC Catra. Hotel com mais de quinhentos jovens sedentos de mundo numa
semaninha básica sem os pais. Outro dia era eu recebendo as recomendações.
Mudaram-se os papéis, mas até aí tudo bem. O problema é o mundo pra matar a
sede dessa meninada: mudou tanto!
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