domingo, 8 de julho de 2012

A felicidade

Sobre o balcão do restaurante onde almoço às sextas-feiras, para comer um delicioso filé de frango coberto de molho de gorgonzola dos deuses, descansam dezenas de revistas velhas e para todos os gostos. Fiz meu pedido e apanhei uma aleatoriamente. Deparei-me com uma Época de 2008, que trazia na capa o Dalai Lama mostrando a língua. Confesso que estranhei. Abusado ele, hein? Um líder que para muitos é a própria reencarnação de Buda?

O “Budismo pop” em palavras garrafais me convidava a ler a matéria. Não titubiei. Antes quero dizer que admiro profundamente o Dalai Lama, e o considero um dos seres mais iluminados do nosso planeta.

 O que um monge tibetano tem a dizer a um europeu, um americano, um brasileiro?, era a pergunta do interlocutor. E a resposta: “Aonde quer que eu vá, onde quer que eu encontre as pessoas, falo sobre um assunto: todos queremos a felicidade. Uma vida feliz não depende somente do dinheiro ou da propriedade material, mas sim do nosso pensamento. Tenho alguns amigos muito ricos, bilionários, mas como pessoas são muito infelizes, não têm paz interior. Estão sempre preocupados, preocupados, preocupados. E algumas pessoas muito pobres, com facilidades materiais muito limitadas são, entretanto, pessoas muito felizes. Isso significa que a felicidade depende muito da atitude mental”.

A comida chegou e não tive tempo de continuar a leitura. Mas confesso que aquelas palavras me incomodaram. Nenhuma novidade. Com certeza você já deve ter ouvido isso milhões de vezes, que dinheiro não traz felicidade etc. etc. Eu também. Mas de repente, algo me tocou naquelas palavras.

Essa necessidade de respostas é universal: a tal felicidade. Todos nós a queremos. Outro dia li não sei onde que nós só conseguimos ter a percepção exata de uma situação de felicidade depois que ela passou. Isso quer dizer que quando eu estou vivendo um momento feliz, eu não consigo identificá-lo. Isso só vai acontecer depois que ele passou e resta a saudade. Dizem os grandes iluminados que nós não vivemos o presente; vivemos o passado, relembrando momentos felizes ou ruminando alguma chateação; e vivemos o futuro, planejando, dizendo lá no fundo que quando eu conquistar isso ou aquilo, quando eu chegar ao topo, quando eu ganhar bastante dinheiro, quando eu tiver sucesso e prosperidade, eu vou experimentar um pouquinho do prato da felicidade. Eu sou assim. Acho que muita gente é assim. As palavras do Dalai, portanto, como um tambor indígena, começam a ecoar em minha cabeça: a felicidade não está condicionada a um fator externo, uma conquista, a aquisição de bens materiais, um novo amor. A felicidade está em nossa mente.

2 comentários:

  1. Verdade... como fui feliz em conhecer e comer o tal "filé de frango coberto de molho de gorgonzola"...rsrs Felicidade que já passou... Que saudades de Caçapava!!!!

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  2. Continua sensacional! Monique e Bianca arrebentam!!!

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Comunicado

O autor informa que suas crônicas estão sendo publicadas com exclusividade na página Crônica do Dia ( www.cronicadodia.com.br ). Convida...