quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A avenida da minha infância


A avenida da minha infância não é mais a mesma. Em nenhum aspecto. Lembro que no verão, quando o sol ardia e o chão queimava nossos pés, as cigarras cantavam alegremente. Mesmo dentro de casa vendo tevê ou brincando, não tinha como reduzir o volume daquele som. Ele invadia os nossos ouvidos de forma tão refratária que o jeito era se acostumar.
A avenida não era asfaltada, tanto que no período das chuvas, formavam-se poças e mais poças de água barrenta. Eu ficava horas na janela do quarto de minha mãe vendo as pessoas pedalarem suas bikes entre as poças.
Na avenida da minha infância eu jogava bola. No meio do canteiro. Os dois lados da avenida eram as laterais do nosso campo. Automóvel era coisa rara de ver, mas quando vinha um a gente parava o jogo pra recomeçar depois.
Hoje não jogam bola mais na avenida. Não tem criança. O asfalto cobriu as poças de água e o nosso campinho. As cigarras foram embora. Os meus amigos também.
A avenida da minha infância não existe mais.

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