A avenida da minha
infância não é mais a mesma. Em nenhum aspecto. Lembro que no verão, quando o
sol ardia e o chão queimava nossos pés, as cigarras cantavam alegremente. Mesmo
dentro de casa vendo tevê ou brincando, não tinha como reduzir o volume daquele
som. Ele invadia os nossos ouvidos de forma tão refratária que o jeito era se
acostumar.
A avenida não era
asfaltada, tanto que no período das chuvas, formavam-se poças e mais poças de
água barrenta. Eu ficava horas na janela do quarto de minha mãe vendo as
pessoas pedalarem suas bikes entre as
poças.
Na avenida da minha
infância eu jogava bola. No meio do canteiro. Os dois lados da avenida eram as
laterais do nosso campo. Automóvel era coisa rara de ver, mas quando vinha um a
gente parava o jogo pra recomeçar depois.
Hoje não jogam bola mais
na avenida. Não tem criança. O asfalto cobriu as poças de água e o nosso
campinho. As cigarras foram embora. Os meus amigos também.
A avenida da minha
infância não existe mais.
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