Joaquim preferiu a igreja. O celibato.
A vida sacerdotal. A segurança financeira. Depois da conversa que colocou fim
na história, ele nunca mais encontrou Anita.
Dizem por aí que se arrependeu,
principalmente depois do que aconteceu. Eu tenho certeza disso!
No entanto, ele nunca deixou
transparecer este sentimento. Sempre foi um bom padre. A idade aperfeiçoou suas
qualidades, aumentou-lhe a sabedoria, deu-lhe instrumental para o exercício
pleno da vocação.
De fato, poucos padres que conheço
merecem a minha consideração. Eles não se importam com o ser humano, com seus
defeitos, com sua natureza imperfeita. Pensam que fazem muito administrando os
templos, celebrando missas, casamentos, batizados, mas não cuidam do que
realmente importa: o templo vivo que reside em cada um de nós. Joaquim tem a
minha consideração.
Apesar de achar que ele seria mais
feliz com Anita, tenho-o como exemplo de ser humano. Mais do que um padre,
Joaquim é um ser humano valioso.
Não o culpo pela fatalidade. Se Anita
voltou à antiga vidinha, não foi culpa sua. É claro que Deus foi muito cruel
com os dois. Atirar-se de um dos viadutos da rodovia Presidente Dutra não foi o
final que merecia aquela jovem linda, mas problemática.
Anita morreu, mas Joaquim é quem vive a
sua morte todos os dias.
fim
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