sábado, 22 de setembro de 2012

Anita (ato final)


Joaquim preferiu a igreja. O celibato. A vida sacerdotal. A segurança financeira. Depois da conversa que colocou fim na história, ele nunca mais encontrou Anita.
Dizem por aí que se arrependeu, principalmente depois do que aconteceu. Eu tenho certeza disso!
No entanto, ele nunca deixou transparecer este sentimento. Sempre foi um bom padre. A idade aperfeiçoou suas qualidades, aumentou-lhe a sabedoria, deu-lhe instrumental para o exercício pleno da vocação.
De fato, poucos padres que conheço merecem a minha consideração. Eles não se importam com o ser humano, com seus defeitos, com sua natureza imperfeita. Pensam que fazem muito administrando os templos, celebrando missas, casamentos, batizados, mas não cuidam do que realmente importa: o templo vivo que reside em cada um de nós. Joaquim tem a minha consideração.
Apesar de achar que ele seria mais feliz com Anita, tenho-o como exemplo de ser humano. Mais do que um padre, Joaquim é um ser humano valioso.
Não o culpo pela fatalidade. Se Anita voltou à antiga vidinha, não foi culpa sua. É claro que Deus foi muito cruel com os dois. Atirar-se de um dos viadutos da rodovia Presidente Dutra não foi o final que merecia aquela jovem linda, mas problemática.
Anita morreu, mas Joaquim é quem vive a sua morte todos os dias. 

fim

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